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O dia em que Bush, Laura e Condoleezza caíram no samba

Em evento na ONG Meninos do Morumbi em São Paulo, comitiva americana mostra que tem jogo de cintura

Bush toca ganzá em ONG paulista: mais ginga no samba do que na discussão das taxas de importação do etanol (--- [])
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h23.

Parecia que tudo iria se resumir a um passinho para cá, um passinho para lá. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sua esposa, Laura, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, o embaixador americano e a sua esposa pareciam descontraídos no salão da ONG Meninos do Morumbi, em São Paulo, onde a banda local fazia uma apresentação nesta tarde de sexta-feira. O momento de maior tensão já tinha passado. Durante a primeira música, um medley, os garotos jogaram capoeira a poucos centímetros das autoridades americanas espremidas contra a parede. A embaixatriz chegou a ensaiar uma defesa diante da investida de um jovem capoeirista - que, pelo ímpeto, pode ter dado a impressão de ser um simpatizante da Al Qaeda. Quando a segunda música começou - ';Brasil Pandeiro'; -, Bush, Laura e Condoleezza se voltaram para a direita, de onde vinha o rugido da bateria. Passinho para cá, passinho para lá. Na terceira música, Maxixe - uma composição do próprio grupo -, a bateria foi aumentando, aumentando e veio a surpresa. Bush, sem o paletó, partiu rumo aos meninos que tocavam ganzá - uma espécie de chocalho - no meio do salão - sem esquecer, é claro, de fazer um aceno para os cinegrafistas e fotógrafos saírem do cercado da imprensa e chegarem mais perto. Em seguida, um dançarino mais atrevido pegou na mão de Laura e os dois começaram a bailar - ela simpática, mas com um olhar meio desconfortável. Condoleezza nessa hora já estava bem mais solta.

Minutos antes do início da apresentação, Bush tinha feito uma entrada triunfal na sala de computação da ONG, onde um grupo de meninos e meninas estava esperando havia mais de duas horas. Nenhum dos presentes pode reclamar do homem mais poderoso do mundo. Ele fez de tudo para agradar. Entrou dizendo "oi" e foi logo puxando conversa com um garoto sentado em frente à tela do computador. "O que você está fazendo?". "Como se chama?" e "Quantos anos você tem?" foram as perguntas mais repetidas à medida que ia se movimentando pela sala. O primeiro sinal de que a coisa poderia acabar em samba foi quando um menino falou que estava editando uma música no computador e aumentou o volume das caixas de som. Laura, que estava mais distante, veio logo para perto do marido e os dois começaram a balançar levemente a cabeça. Apesar disso, naquele instante, ninguém tinha condições de prever o final da apresentação da banda cerca de 20 minutos mais tarde.

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No salão, a apoteose foi ao som de ';Aquarela do Brasil';. Nesta hora, todo mundo já estava que era pura animação, inclusive os seríssimos jornalistas americanos. Condoleezza, no meio das meninas, dançava. A embaixatriz mostrava uma certa aptidão para passista de escola de samba. Os meninos e meninas pareciam felizes e orgulhosos com a façanha e enchiam o peito para gritar o refrão de Ari Barroso: "Brasil, Brasil, Brasil, Brasil". Diante de um quadro tão explícito de confraternização e alegria, só restava um lamento para quem acompanha a estada de Bush no país: pena que a comitiva americana não demonstrou o mesmo jogo de cintura na questão das barreiras que impedem a livre entrada do etanol nos Estados Unidos. Com o fim dos impostos de importação e dos subsídios, a animação teria se espalhado pelo setor agrícola brasileiro.

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