Publicado em 27 de junho de 2024 às 13h05.
Última atualização em 2 de julho de 2024 às 14h58.
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quinta-feira, 27, que nunca teve conversas com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre ser ministro da Fazenda em uma eventual gestão presidencial do ex-ministro da Infraestrutura do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Importante dizer que nunca tive nenhuma conversa com Tarcísio sobre ser ministro de nada", disse Campos Neto em coletiva sobre o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) na sede do BC, em São Paulo.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Campos Neto sinalizou ao governador de São Paulo que aceitaria integrar a equipe econômica de uma eventual gestão federal de Tarcísio. O presidente da autarquia disse que é amigo de Tarcísio desde o governo Bolsonaro e sempre conversou sobre economia, mas nunca fez qualquer sinalização sobre cargo político.
"Conversamos sobre economia, como converso com diversos outros agentes, parlamentares e pessoas do governo. As nossas famílias são próximas e temos uma amizade grande. Nas conversas que tenho com ele, o pouco que é conversado sobre política, porque tenho pouco a acrescentar nesse tema, ele não é candidato agora", afirmou.
Questionado se aceitaria um futuro convite, Campos Neto disse que não pode respodner sobre uma situação que aconteceria apenas daqui a seis anos e reforçou que quando sair do BC planeja trabalhar no setor privado em projetos que mistrem tecnologia e finanças.
"Essas coisas são especulações que só servem para contaminar o nosso trabalho técnico", afirmou.
Tarcísio é colocado como um possível herdeiro político de Bolsonaro, declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no ano passado. Nos últimos meses, a mudança do governador para o PL é considerada certa por dirigentes da sigla. Outros governadores, como Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado, também são apontados como possíveis presidenciáveis do campo de direita.
Campos Neto negou também que teve conversas com bancos para assumir algum cargo após deixar o BC e também reforçou que não será candidato "a nada". O chefe do BC disse ainda que esteve em eventos similares ao que aconteceu em São Paulo em outros estados, que não tiveram a mesma repercussão.
"Não tenho pretensões de me candidatar a nada e nem de ser político", disse Campos Neto.
Sobre as críticas de Lula sobre sua atuação, Campos Neto reforçou que o seu trabalho é técnico e disse que o "tempo vai mostrar" que a sua gestão sempre foi técnica.
Com mandato até o fim de 2024, Campos Neto é apontado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como adversário "político, ideológico e do modelo de governança".