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Número de famílias pobres com dívidas atrasadas alcança nova máxima histórica

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na manhã desta terça-feira, 6

Dívida líquida (Getty/Getty Images)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de dezembro de 2022 às 12h49.

Última atualização em 6 de dezembro de 2022 às 13h03.

Com a evolução do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a queda da inflação nos últimos meses, a renda disponível aumentou e a proporção de endividados mostrou recuou de 0,3 ponto percentual (p.p.) em novembro em relação a outubro, levando o índice a 78,9% do total das famílias brasileiras, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC). Ao mesmo tempo, o número de famílias pobres com dívidas atrasadas alcançou nova máxima histórica (34,1%), num momento em que os juros estão no maior nível em cinco anos.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na manhã desta terça-feira, 6. Conforme o estudo, o percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e casa) avançou 3,3 pontos percentuais na comparação com novembro do ano passado.

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Em um contexto de elevado nível de comprometimento da renda com dívidas, 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso. Em um ano, o indicador avançou 4,2 p.p., especialmente entre os mais pobres. O número de famílias que informam que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 0,3 p.p., para 10,9%. Em novembro do ano passado, o índice era de 10,1%.

Dos consumidores com até dez salários de renda mensal, 34,1% atrasaram dívidas, a maior proporção da série histórica, iniciada em 2010. Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados, pois os juros altos aumentam as despesas com dívidas.

Na comparação com o ano passado, a piora no nível de endividamento foi mais expressiva entre as mulheres (3,3 p.p.) do que entre os homens (1,9 p.p.). O público feminino é atualmente o mais endividado, com 80,7% delas possuindo algum tipo de dívida em novembro. No recorte da faixa etária, a percepção de superendividamento também se acirrou mais entre os consumidores com mais de 35 anos (3,2 p.p.). Os indivíduos que não conseguiram terminar o ensino médio também formam o grupo em que o nível de endividamento mais cresceu em um ano (3,9 p.p.).

Com isso, cresceu em novembro o volume de consumidores apontando que não pagaram dívidas já atrasadas de meses anteriores: 10,9% do total de famílias. Entre as com menores rendimentos, o indicador manteve trajetória de alta, atingindo 13,4%, pouco abaixo da máxima histórica de 13,9%, observada em agosto de 2020.

Mesmo os consumidores buscando a renegociação, o volume dos que reportaram atrasos na quitação de dívidas atrasadas por mais de 90 dias piorou em novembro. Do total de famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de 90 dias, 0,6 p.p. em relação a outubro e 1,0 p.p. comparativamente a novembro de 2021.

Renda comprometida e cautela

Além disso, tem chamado a atenção o volume de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em novembro, 21,6% do total de endividados estava nessa situação crescimento anual de 0,8 p.p.

Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda só para pagar dívidas em novembro, isso sem contar as contas de consumo (água, energia, telefone, gás etc.).

Apesar dos fatores benignos relativos à disponibilidade de renda a combinação de endividamento e juros altos está deixando os consumidores mais cautelosos. Diante do crédito mais caro, a proporção de famílias que se consideram "muito endividadas" chegou a 17,5%, alta de 0,2 p.p. ante outubro e de 2,7 p.p. em relação a novembro de 2021.

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