Nessa semana, o boletim Focus apontou pela segunda vez consecutiva, a Selic em 7,50% (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2012 às 06h12.
São Paulo – Na próxima semana o Comitê de Política Monetária irá se reunir e decidir a taxa básica de juros, atualmente em 7,50%. O Comitê vem cortando a taxa desde agosto de 2011 – agora, especula-se se a taxa poderá ser mantida no patamar atual.
A última ata do Copom (documento divulgado na semana seguinte à reunião) afirmou que, caso o cenário comportasse um novo ajuste nas condições monetárias, esse movimento deveria ser conduzido com “máxima parcimônia”. Na semana passada, durante a apresentação do Relatório de Inflação, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que o espaço para mais cortes na Selic diminuiu desde a última redução dos juros básicos em 0,50 ponto percentual, na reunião de agosto.
Para o Credit Suisse, o risco de interrupção dos cortes na selic (o chamado ciclo de afrouxamento monetário) já na próxima semana aumentou desde a publicação da ata da reunião de agosto. Entre os motivos para isso estão a inflação (com possibilidades de elevação) e o menor risco de o PIB brasileiro crescer menos que 1,5% esse ano, segundo o banco.
A expetativa atual do Credit Suisse é que o Copom mantenha a taxa em 7,50% até, pelo menos, o fim de 2013. A projeção anterior do banco era de corte de 0,25pb. O Credit Suisse afirma que essa possibilidade de redução continua significativa e pode até aumentar, caso os dados a serem divulgados sugiram, por exemplo, uma inflação mais baixa do que o esperado ou uma expansão muito baixa ou mesmo uma contração da produção industrial em setembro. Mesmo assim, sua projeção é de 7,50%.
Nessa semana, o boletim Focus do BC, que reúne projeções de instituições financeiras consultadas pelo BC, apontou pela segunda vez consecutiva, a Selic em 7,50%. O boletim de 14 de setembro indicava a taxa em 7,25%.
A LCA Consultores também acredita que o ciclo de redução da Selic será interrompido na próxima semana. Mas, para essa Consultoria, a “pista” disso foi dada do Relatório Trimestral de Inflação, e não na ata do Copom. A LCA destacou que, no relatório, o BC reiterou sua confiança na reaceleração do crescimento econômico brasileiro no segundo semestre. “Nessas circunstâncias, o documento deu pistas de que a autoridade monetária irá encerrar o ciclo de afrouxamento monetário”, informa a LCA, em relatório. O cenário base da LCA também pressupõe uma retomada de fôlego dos investimentos e da atividade econômica em geral.
A Tendências Consultoria faz coro aos que apostam na manutenção da taxa atual. Para a Consultoria, colaboram nesse sentido a pressão sobre a inflação (que já está acima do centro da meta), os sinais de retomadas da atividade econômica e certo afrouxamento fiscal.
Já a agência de classificação de risco Austin Rating projeta que o Copom fará um corte de 0,25 p. p. na próxima reunião. “O resultado ainda negativo no mês de agosto da produção industrial reforça nossa expectativa para a próxima reunião do Copom de redução de 0,25 p.p.. Bem como o cenário externo, que ainda preocupa, devido a incertezas quanto a recuperação de países da Zona do Euro”, segundo a agência.
O último corte nos juros, anunciado na reunião de agosto, marcou um ano de queda da Selic. Em maio de 2012, a taxa atingiu sua então mínima histórica no Brasil (8,5%). Desde a reunião de maio, o ritmo de queda tem sido de 0,50 p. p..