Mulher compra roupas em loja de São Paulo: inflação continua acima do teto da meta (Paulo Fridman/Bloomberg)
João Pedro Caleiro
Publicado em 8 de julho de 2016 às 11h56.
São Paulo - Medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação no Brasil foi de 0,35% em junho, informou hoje o IBGE.
É menos da metade da taxa do mês anterior (0,78%) e de junho do ano passado (0,79%). O IPCA não era tão baixo desde agosto de 2015, quando registrou 0,22%.
A inflação fechou o primeiro semestre do ano em 4,42%, bem abaixo dos 6,17% registrados no mesmo período de 2015.
O acumulado em 12 meses está em 8,84%, contra 9,32% nos 12 meses imediatamente anteriores, mas segue acima da meta do governo (4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo).
A garantia de que a inflação está cedendo permitiria ao Banco Central começar um ciclo de corte de juros em algum momento do segundo semestre.
Ilan Goldfajn, o novo presidente do Banco Central, tem sinalizado que pretende perseguir o cumprimento do centro da meta (4,5%) já no ano que vem e que a queda já está se materializando.
“A expectativa de inflação – não só do Banco Central, mas do mercado, dos analistas, da sociedade – está em torno de 7% para o ano. Uma queda de 11% para 7%. E, de fato, está ocorrendo. Mês a mês a inflação está começando a voltar. Não é certo, mas está indo na direção”, disse em entrevista para Miriam Leitão ontem à noite, antes da divulgação.
Grupos
Dos 9 grupos pesquisados, 7 tiveram desaceleração em relação ao mês anterior; Comunicação subiu mais e Transportes teve uma queda menos intensa.
Alimentação e Bebidas, o grupo de maior peso no índice, foi de 0,78% em maio para 0,71% em junho e contribuiu com 0,18 ponto percentual do IPCA total.
Alguns itens tiveram alta forte, como o feijão-carioca (de 7,61% em maio para 41,78% em junho) e o leite longa vida (de 3,43% em maio para 10,16% em junho).
Outros caíram, como a cebola (que foi de alta de 10,09% em maio para queda de 17,78% em junho) e o tomate (de 1,04% para -8,08%).
A alta de Habitação caiu de 1,79% para 0,63% de um mês para o outro, puxada para uma queda da taxa de água e esgoto de 10,37% para 2,64% de um mês para o outro.
O maior índice regional foi o de Belo Horizonte (0,66%), puxado pela alta da taxa de água e esgoto em 5,57% refletindo um reajuste de 12,9% vigente desde 13 de maio. O menor foi em Porto Alegre (queda de 0,02%).
Grupo | Variação Maio | Variação Junho |
---|---|---|
Índice Geral | 0,78% | 0,35% |
Alimentação e Bebidas | 0,78% | 0,71% |
Habitação | 1,79% | 0,63% |
Artigos de Residência | 0,63% | 0,26% |
Vestuário | 0,91% | 0,32% |
Transportes | -0,58% | -0,53% |
Saúde e cuidados pessoais | 1,62% | 0,83% |
Despesas pessoais | 1,35% | 0,35% |
Educação | 0,16% | 0,11% |
Comunicação | 0,01% | 0,04% |
.
Grupo | Impacto Maio (p.p.) | Impacto Junho (p.p.) |
---|---|---|
Índice Geral | 0,78 | 0,35 |
Alimentação e Bebidas | 0,20 | 0,18 |
Habitação | 0,27 | 0,10 |
Artigos de Residência | 0,03 | 0,01 |
Vestuário | 0,05 | 0,02 |
Transportes | -0,10 | -0,10 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,18 | 0,09 |
Despesas pessoais | 0,14 | 0,04 |
Educação | 0,01 | 0,01 |
Comunicação | 0,00 | 0,00 |