Economia

Copa e Olimpíada adicionam 2 pontos à inflação, diz BC

Segundo estudo, efeito começa no ano do anúncio de que o Brasil sediará a Copa, sendo desinflacionário até 2010 e puxando a inflação para cima a partir de 2011


	Torcedores na Copa das Confederações: cálculos do BC são baseados em estudos internacionais que utilizam dados sobre 179 países entre 1948 a 2012
 (Tânia Rêgo/ABr)

Torcedores na Copa das Confederações: cálculos do BC são baseados em estudos internacionais que utilizam dados sobre 179 países entre 1948 a 2012 (Tânia Rêgo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 18h18.

Brasília. - O governo tem mais um argumento para explicar parte da alta da inflação durante o mandato da presidente Dilma Rousseff, a realização da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Pelos cálculos do Banco Central, esses dois eventos vão adicionar cerca de dois pontos porcentuais ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre 2007 e 2017. O período considera que o efeito sobre os preços começa no ano do anúncio de que o Brasil sediará a Copa, sendo desinflacionário até 2010 e puxando a inflação para cima a partir de 2011.

Os cálculos do BC são baseados em estudos internacionais que utilizam dados sobre 179 países entre 1948 a 2012. Nesse período, foram realizados 16 Copas do Mundo de Futebol, começando pela Copa de 1950 no Brasil, e 31 Jogos Olímpicos (considerando também jogos de inverno). Quando se considera um evento isolado, a inflação diminui no ano do anúncio do país-sede. Em seguida, começa a subir. O impacto máximo se dá no ano seguinte à realização do megaevento e desaparece totalmente seis anos depois. "Os megaeventos esportivos são ligeiramente inflacionários", segundo o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo.

No caso brasileiro, haverá sobreposição de dois eventos. Por isso, o benefício para redução da inflação vai de 2007 até o fim de 2010. A partir de 2011, início do atual governo, a pressão é de alta nos preços, chegando ao ponto máximo por volta de 2017 e desacelerando até 2021. Nos dois anos seguintes, o efeito volta a ser deflacionário. Embora o impacto sobre a inflação vá até 2023, o BC só divulgou o porcentual acumulado até 2017.

Gasolina.

Outro risco para a inflação nos próximos anos, segundo o BC, são os preços de alguns produtos cujos reajustes são controlados pelo governo, como a gasolina. No Relatório Trimestral de Inflação divulgado , a instituição diz que alta do dólar deveria provocar alguns reajustes no Brasil em relação ao que se paga pelo mesmo produto no resto do mundo. No entanto, alguns preços estão "desalinhados, em patamares baixos", segundo o BC, o que gera incertezas sobre quando esse repasse ocorrerá.

Por enquanto, o BC projeta estabilidade no preço da gasolina. Ou seja, para a instituição, não haverá aumento na bomba. Mesmo assim o relatório cita como um risco para a inflação as "incertezas que cercam a trajetória de preços com grande visibilidade, como o da gasolina e os de alguns serviços públicos."

Outra questão a ser definida é o preço da energia elétrica. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiou de 2014 para 2015 o início da regra que prevê o repasse imediato do preço mais alto da energia termelétrica para o consumidor na conta de luz. O diretor do BC diz que a projeção de alta de 7,5% na energia em 2014 não seria alterada significativamente se a regra passasse a valer no próximo ano. Segundo Hamilton, para que houvesse alteração, o BC teria de partir da hipótese de que os preços subirão o ano todo e não que eles ficarão oscilando mês a mês, para baixo ou para cima. "Vamos aguardar para ver como isso vai evoluir a partir de 2015. Acredito que o preço pode ficar mais volátil, mas não significa que vai crescer mais."

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