Economia

NE e Sudeste concentram 60% dos migrantes, diz Ipea

Segundo pesquisa do instituto, porcentagem migrante da população caiu de 3% para 1,9% em 13 anos

Movimentação de passageiros na rodoviária do Tietê, na capital paulista (.)

Movimentação de passageiros na rodoviária do Tietê, na capital paulista (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h47.

São Paulo - As regiões Nordeste e o Sudeste do País concentram mais de 60% dos migrantes (aqueles que mudam de uma região para outra e dentro da própria região), de acordo com o estudo "Migração Interna no Brasil" divulgado hoje pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que pesquisou os anos de 1995, 2001, 2005 e 2008. O instituto utilizou para a análise dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considerou como migrantes aqueles que mudaram de Estado nos cinco anos anteriores a cada uma das datas usadas na pesquisa.

Segundo o estudo, em 1995 o número de migrantes se aproximava de quatro milhões de pessoas - 3% da população. Já em 2008, o total caiu para 3,3 milhões (1,9% da população). A pesquisa aponta que desde o começo da série (1995) até o ano de 2001, o fluxo do Nordeste para o Sudeste era maior que o fluxo inverso, situação que sofreu uma reviravolta nos sete primeiros anos desta década.

Em 2008, o fluxo entre as duas regiões voltou a ser favorável ao Sudeste. A pesquisa dá como uma das explicações para essa alteração uma mudança de perfil dos migrantes. Segundo o instituto, "os migrantes do Nordeste para o Sudeste já gozam de melhor situação, em termos de formalização do trabalho, que a dos próprios trabalhadores não migrantes da região Sudeste".

A pesquisa revela que ainda que os fluxos migratórios não se dão apenas de regiões pobres para regiões ricas. A migração do Norte por exemplo, é maior para o Nordeste do que para o Sudeste nos anos analisados. O documento informa que "a ideia comum de exportação da pobreza de regiões menos desenvolvidas para outras de maior poder e dinamismo econômico deve sofrer, então, restrições, ou melhor, qualificações, já que a proximidade também é um fator relevante para explicar os fluxos".

Escolaridade
A pesquisa do Ipea mostra que a alta escolaridade do migrante - com 12 ou mais anos de estudos - aumenta nos anos analisados. O mesmo ocorre com não migrantes, embora em um ritmo menor. O estudo afirma que a escolarização aumenta a probabilidade de migração: o porcentual de migrantes com pelo menos 12 anos de estudo é maior que o de não migrantes nessa situação.

Na análise do que ocorre nas Regiões Nordeste e Sudeste é levada em consideração a distância da migração. O trabalho aponta que os mais escolarizados preferem migrar dentro da própria região, enquanto a decisão de mudar de região fica mais restrita aos menos escolarizados. O oposto acontece entre os migrantes das Regiões Sul e Centro-Oeste.

O Ipea diz que se deve avaliar a hipótese de que a migração inter-regional sofre efeitos da estrutura do mercado de trabalho que, segundo o estudo, é mais aberta aos migrantes de menor qualificação. A pesquisa destaca a Região Sudeste, "capaz de absorver mão de obra de menor qualificação relativa vinda do Nordeste, enquanto o trabalhador mais escolarizado multiplica suas estratégias de mobilidade considerando o aumento do seu capital relativo no contexto da sua própria região".

Leia outras notícias relacionadas ao crescimento

Siga as notícias do site EXAME sobre Economia no Twitter

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoCusto BrasilDesenvolvimento econômicoreformasRegião NordesteSudeste

Mais de Economia

Preço da carne tem maior alta mensal em 4 anos, mostra IPCA de outubro

Número de pessoas que pediram demissão em 2024 bate recorde, diz FGV

Inflação de outubro acelera e fica em 0,56%; IPCA acumulado de 12 meses sobe para 4,76%

Reforma Tributária: empresas de saneamento fazem abaixo-assinado contra alta de imposto