Economia

Não se pode contar com cenário benigno para sempre, diz Ilan

"Nada por ser feito isoladamente", disse o presidente do BC ao comentar a proposta do setor de cartões para acabar com o parcelado sem juros

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, na Latin America Investment Conference em 30/01/2018 (João Pedro Caleiro/Site Exame)

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, na Latin America Investment Conference em 30/01/2018 (João Pedro Caleiro/Site Exame)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 30 de janeiro de 2018 às 10h48.

Última atualização em 30 de janeiro de 2018 às 13h38.

São Paulo - "Nada por ser feito isoladamente", disse Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central, ao comentar a proposta do setor de cartões para acabar com o parcelado sem juros.

Ele notou que há um esforço do BC para tornar os meios eletrônicos mais eficientes e com isso reduzir a circulação de papel-moeda.

Ilan falou no evento Latin America Investment Conference, realizado pelo Credit Suisse em São Paulo nesta terça-feira (30).

Sua apresentação repetiu a ideia de que a inflação mais baixa está ligada a dois fatores: deflação de alimentos e uma melhora relativamente rápida das expectativas.

"Esta mudança na visão sobre o futuro tem a ver com a mudança na direção da política monetária", disse ele, pois o BC "manteve a firmeza".

A inflação fechou 2017 em 2,95%, abaixo do piso da meta do governo pela primeira vez desde que o regime de metas de inflação foi estabelecido em 1999.

O presidente do BC vê um cenário "satisfatório" atualmente, combinando inflação abaixo do esperado com crescimento acima do esperado.

A previsão é que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) tenha sido de 1% em 2017, acelerando para cerca de 2,7% em 2018 e 3% em 2019. Para a inflação, a previsão é de uma volta em direção ao centro da meta em 2018 e 2019.

Cenário externo

Ilan notou que há atualmente uma "exuberância nos mercados globais", com bolsas e preços de ativos em preços recordes diante de um crescimento "sincronizado como há muito tempo não se via".

Ele diz que o primeiro risco no horizonte brasileiro é "do bem", o que seria uma inflação muito baixa devido à inércia e choques favoráveis. O risco negativo é que o ano seja de muita volatilidade.

Isso poderia acontecer pela "frustração de expectativas das reformas" em andamento, especialmente a da Previdência, somado com uma reversão do cenário internacional, apesar de não ser o esperado.

"O cenário internacional é benigno, mas não podemos contar com isso para sempre", por isso o melhor seria já avançar com as reformas o quanto antes.

Sobre uma possível autonomia do Banco Central definida por lei, Ilan disse que esta "é uma agenda bem-vinda" e que reduziria os prêmios de risco do país, mas reconheceu que depende de prioridades legislativas e notou que o BC já conta com autonomia de fato.

O presidente do BC também repetiu sua visão sobre as criptomoedas como o bitcoin, notando  que as tecnologias como o blockchain são bem-vindas e serão bastante usadas, mas que isso não significa permitir que elas sejam usadas para ocultas ativos ou para endossar uma bolha de especulação:

"Tinha gente nos Estados Unidos hipotecando a casa para investir nessas moedas. Não é por aí", disse ele.

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