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Fim da verticalização terá pouco impacto na corrida presidencial

Segundo analistas, as alianças para as eleições majoritárias deste ano serão definidas pela força que cada candidato apresentar

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h16.

A força política de cada concorrente à Presidência da República será mais importante que a queda da verticalização quando os partidos negociarem as alianças das chapas que concorrerão às eleições. Caso a emenda constitucional que determina o fim da verticalização seja aprovada em segundo turno na Câmara e venha a vigorar já neste ano, seu principal efeito será a busca dos políticos por coligações que garantam maiores bancadas nas assembléias estaduais e no Congresso.

A queda da verticalização libera as legendas para se unirem à vontade nas disputas estaduais, independentemente da posição a ser adotada na corrida presidencial. "A decisão do congresso pelo fim da verticalização foi oportunista e só reforça o sistema político partidário fragmentado e confuso", diz o cientista político e professor do Ibmec São Paulo, Carlos Alberto de Melo. Segundo ele, a força que cada candidato à Presidência apresentar definirá as alianças no âmbito federal.

Do ponto de vista do eleitorado, diz Melo, a mudança representa a valorização de projetos pessoais dos candidatos, em detrimento de um projeto político mais amplo. "A medida é prejudicial para a construção de idéias e projetos, mas coerente com o sistema político e partidário", afirma.

O cientista político João Augusto de Castro Neves, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos (Ibep), também afirma que, na prática, pouco deve mudar no sistema partidário. "O interesse dos partidos pequenos e médios é aumentar a bancada, e não lançar candidato à presidência", diz Neves. A tendência, segundo ele, é que o fim da verticalização aumente o número de candidatos na disputa presidencial. Mas, mesmo que isso ocorra, a disputa acabará se concentrando em torno dos concorrentes dos principais partidos, segundo Neves.

Plano alternativo

Antes da crise política enfrentada pelo Partido dos Trabalhadores, afirma Neves, era compreensível o desejo da sigla de manter a verticalização. Forte, a legenda seria capaz de atrair partidos menores para a sua órbita. Mas, depois da crise que trincou sua imagem, e diante da possibilidade cada vez mais real de enfrentar um candidato do PMDB, o fim da regra é uma forma de o PT garantir um possível apoio da porção de peemedebistas que compõe a base aliada do governo nas disputas regionais e federal. "Esse é o raciocínio e a estratégia do presidente Lula", diz Melo, do Ibmec.

Segundo ele, os partidos têm consciência de que mais do que o tempo de propaganda eleitoral gratuita na televisão, é a atuação das candidaturas nos estados (e o apoio que venham a ter) que define a corrida eleitoral. "Entre o tempo de TV e o apoio regional, é mais interessante aumentar a base regional, que puxa os votos", diz Melo. "Os interesses regionais vão aflorar com o fim da verticalização. E o principal interessado é o PMDB, que é um conglomerado de partidos regionais", diz Melo

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