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Palocci contém ofensiva política contra ele em depoimento no Senado

Ministro da Fazenda nega acusações de corrupção em audiência no Senado e reafirma que política econômica não muda

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

Diplomático como de costume, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, negou enfaticamente, em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, as denúncias de corrupção que o envolvem. De quebra, deixou claro que a política econômica de geração de altos superávits primários -- criticada pela ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff -- não vai mudar. "Palocci peitou a Dilma, está pagando para ver", diz Rogério Schmitt, analista político da consultoria Tendências. "Ele não virou o jogo, mas empatou, e recuperou alguma capacidade de manobra dentro do governo."

O ministro também negou acordo para que a sessão de hoje na CAE substitua convite ou convocação para depôr em alguma comissão parlamentar de inquérito. A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta nesta quarta-feira, reagindo positivamente à aguardada sabatina de Palocci no Senado. "O ministro garantiu hoje sua sobrevida política imediata", diz Schmitt.

Coordenador da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência, Palocci negou enfaticamente doações de Cuba, Angola ou das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para a propaganda eleitoral petista em 2002. E reclamou da forma como as investigações vêm sendo conduzidas. "Devassas não são critério constitucional de investigação. Pessoas que trabalharam comigo, pessoas de bem, estão sendo humilhadas na imprensa. Está sendo dito freqüentemente que elas vão ser presas sem nem terem sido ouvidas. Eu acho que isso não é o Estado de Direito que construímos a duras penas no Brasil", afirmou. Poupado pela oposição, Palocci afirmou que os adversários políticos do governo "têm que ter o Brasil em primeiro lugar, respeitando pessoas, processos e legislação".

Chega pra lá

Sobre o embate público com uma colega de governo, Palocci foi gentil, mas mandou um recado claro. "A divergência com a ministra Dilma é política, não pessoal. Tenho grande apreço por ela, a quem convidei para participar da equipe de transição de governo, mas penso diferente dela", afirmou Palocci. "Como se trata de uma questão da área econômica [o nível de superávit primário], assim continuará sendo feito."

Mas o ministro também procurou contemporizar. "Quando falamos em melhorar a qualidade do quadro fiscal, não estamos propugnando aumento do esforço fiscal, até porque consideramos que o esforço que fazemos neste momento é muito razoável diante das necessidades."

Segundo o condutor da economia no governo Lula -- que, segundo Palocci, teve a coragem de contrariar posições ideológicas anteriores, pagando um alto preço por isso --, os ganhos da política econômica são resultado do esforço de mais de uma década, e todos que contribuíram devem ser citados explicitamente. "Se preciso, faço elogios claros e rasgados [a Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda do governo Fernando Henrique Cardoso]", afirmou. O governo FHC implantou o câmbio flutuante e o regime de metas de inflação. O ministro também listou avanços econômicos alcançados na gestão de Itamar Franco, por ter lançado o Plano Real, e de José Sarney, pela extinção da conta-movimento do Banco do Brasil e criação do Tesouro Nacional.

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