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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h36.
A supervalorização do real frente ao dólar está lentamente desmantelando a estrutura de exportações montada no Brasil nos últimos quatro anos. A assertiva do deputado federal e economista Delfim Netto (PMDBSP) soou como uma sinal de alerta a empresários e executivos, que participaram de reunião-almoço na Associação Paulista dos Supermercados nesta quinta-feira (29/9). "O real é a moeda mais valorizada no mundo", diz o deputado. Além de prejudicar as empresas brasileiras, com a redução da receita dos exportadores e o barateamento das importações, o real caro impacta o véu de proteção da economia brasileira frente à crise política. "Assim como as instituições, a economia do Brasil está bem protegida e não se abalou com a crise. E isso se deve às exportações", diz Delfim.
O compliado é que a solução para o cenário cambial não passa por uma intervenção do Banco Central no mercado a fim de e impedir a estabilização de um novo patamar para o dólar abaixo dos 2,30 reais. "Não há condições de [o governo] entrar no mercado. Envolve milhões de dólares e não irá resolver." Segundo Delfim, a supervalorização do real resulta de um processo de arbitragem no mercado internacional com a combinação de juros altos o Brasil é o país com a maior taxa real do planeta , alta liquidez no mundo financeiro e dólar em desvalorização. "O mundo vive um momento privilegiado: há uma sobra de capital e os investidores estão aplicando seus recursos." A liquidez é o que explica parte do sucesso da emissão de títulos em reais pelo Tesouro Nacional em setembro. "O principal motivo [para o interesse estrangeiro no país e a valorização do real] é que a taxa de juros no Brasil é tão grande que garante que todos os riscos serão muito bem pagos", diz o deputado.
Para Delfim, o Banco Central que divulgou hoje uma expectativa de inflação abaixo da meta para 2005 já percebeu que exagerou e vai reduzir a Selic. "Eu sinto até vergonha dessa taxa de juros." As instituições financeiras, de acordo com o Relatório de Mercado divulgado na segunda-feira, projetam que, até o final do ano, a taxa cairá para 18% ao ano. Em setembro, o Comitê de Política Monetária reduziu pela primeira vez em 17 meses a Selic: de 19,75% para 19,5% ao ano.