Economia

Mulheres podem ficar fora da disputa para presidência do BCE

Políticos da zona do euro não indicam uma mulher para o Conselho do BCE, composto por 25 diretores, há meia década

Sabine Lautenschlaeger é a única mulher que resta no conselho executivo do BCE (Andreas Arnold/Bloomberg)

Sabine Lautenschlaeger é a única mulher que resta no conselho executivo do BCE (Andreas Arnold/Bloomberg)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 12 de maio de 2019 às 08h00.

Última atualização em 12 de maio de 2019 às 08h00.

Líderes europeus serão os únicos culpados se não conseguirem encontrar uma candidata para concorrer à presidência do Banco Central Europeu.

Políticos da zona do euro não indicam uma mulher para o Conselho do BCE, composto por 25 diretores, há meia década - e não por falta de oportunidade. Só no ano passado, 13 homens foram indicados para o painel de membros do conselho executivo e para governadores dos bancos centrais nacionais.

Como a rota convencional para assumir a presidência do BCE é ter ocupado o posto de governador de um banco central nacional antes, esses processos seletivos efetivamente excluem qualquer mulher que queira tentar ocupar o cargo. Não surpreende que todos os principais candidatos citados por economistas como possíveis sucessores do presidente Mario Draghi são atuais ou antigos membros do Conselho do BCE - e do sexo masculino.

"A presidência do BCE tem exigências particularmente altas", disse Ricardo Garcia, economista-chefe para a zona do euro do UBS Global Wealth Management. “O problema é que a amostra que você tem, de onde você escolhe os candidatos, já é dominada por candidatos do sexo masculino. Então, por definição, suas opções alternativas, se quiser ter uma mulher, são extremamente limitadas.”

Benoit Coeure, membro do Conselho Executivo, que também está na disputa para substituir Draghi, destacou o problema há um ano, dizendo que qualquer coisa que a instituição possa fazer para promover a diversidade nos níveis mais baixos “não pode substituir uma ação mais resoluta dos líderes europeus.”

Seu chamado foi ignorado. Na época, o Conselho do BCE tinha duas mulheres e aguardava uma série de decisões pessoais. Com o saída em março do governador cipriota Chrystalla Georghadji, substituído por um homem, membro do Conselho Executivo, Sabine Lautenschlaeger é a única mulher que resta.

Os governos recentemente se comprometeram a considerar o equilíbrio de gênero ao escolher os principais cargos para o BCE, para a Comissão Europeia e Conselho, todos com mandatos que vencem este ano. Os líderes planejam iniciar o processo de nomeação em uma cúpula a ser realizada em 28 de maio, com a expectativa de que o processo possa ser finalizado em junho, após as eleições deste mês para o Parlamento Europeu.

Ainda assim, nenhuma candidata conhecida deve ser indicada para a presidência do BCE. A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, disse que não está interessada. Algumas alternativas possíveis, como a vice-presidente do Bundesbank, Claudia Buch, ou a vice-governadora do Banco da França, Sylvie Goulard, teriam de superar candidatos mais experientes que tentarão se promover para conquistar o cargo.

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