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Da Redação
Publicado em 5 de maio de 2010 às 10h44.
Londres - A agência Moody's Investors Service anunciou hoje que está revisando a classificação Aa2 dos bônus do Estado português com vistas a um possível rebaixamento, embora reafirmou a classificação Prime-1 para curto prazo.
Em comunicado, a agência de classificação de risco afirmou que "diante de um eventual rebaixamento, a classificação Aa2 de Portugal cairia um, ou quando muito, dois níveis".
A revisão da classificação de Portugal, cuja perspectiva econômica está no nível "negativo" desde outubro de 2009, concluirá em três meses, indicou a agência.
Moody's explicou em sua nota que esta decisão responde "a recente deterioração das finanças públicas de Portugal e das perspectivas de crescimento do país a longo prazo".
"A revisão para uma possível rebaixamento tomará em consideração uma revisão das classificações de Portugal que reflitam a deterioração potencialmente durável dos números sobre a dívida do Estado", manifestou Anthony Thomas, vice-presidente Moody's para qualificações a Estados.
Segundo Thomas, "no contexto de uma economia pequena e de pouco crescimento, estes dados sobre dívida poderiam deixar de ser consistentes como uma qualificação Aa2".
Para a agência, a deterioração das contas públicas portuguesas é o reflexo do fracasso de sucessivos Governos na hora de limitar com seriedade os déficits orçamentários desde que Portugal entrou para a zona do euro, como membro fundador.
"Recentemente o Governo reiterou seu objetivo de conseguir e inclusive superar os objetivos de redução do déficit publicados no último Programa de Estabilidade e Crescimento", disse Thomas, quem acrescentou que "o perfil de dívida bem estruturado significa que os riscos de refinanciamento são pequenos".
A Moody's acredita que os custos financeiros da dívida portuguesa podem aumentar durante algum tempo, mas espera que o serviço da dívida continue acessível a curto e médio prazo.
Moody's se referiu às comparações entre a situação na Grécia e em Portugal, e assinalou que "embora a Grécia enfrente dificuldades fiscais muito mais sérias que Portugal, (...) é previsível e inevitável um longo período de cortes para Portugal até que os desequilíbrios financeiros sejam corrigidos".
Em seu período de revisão, a agência levará em conta outras questões como as medidas para melhorar a competitividade econômica do país e a capacidade de economia, "que estão na raiz da tendência de um crescimento econômico lento".
A agência, que prevê uma lenta recuperação do PIB, insistiu que "os problemas de crescimento de Portugal têm mais a ver com sua baixa produtividade do que com os altos custos".
Além disso, explicou Thomas, "a falta de uma opção de desvalorização (da divisa) gera um vento contra da recuperação".