Economia

Monitor do PIB com alta de 0,5% afasta possibilidade de recessão técnica

Segundo a FGV, na passagem de abril para maio, o crescimento é "explicado, principalmente, pelo desempenho da agropecuária (1 3%) e da indústria (0,6%)

Monitor do PIB: segundo a FGV, crescimento é "explicado, principalmente, pelo desempenho da agropecuária (1,3%) e da indústria (0,6%) (Lucas Ninno/Getty Images)

Monitor do PIB: segundo a FGV, crescimento é "explicado, principalmente, pelo desempenho da agropecuária (1,3%) e da indústria (0,6%) (Lucas Ninno/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de julho de 2019 às 11h22.

Última atualização em 17 de julho de 2019 às 13h34.

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 0,5% em maio ante abril, segundo o Monitor do PIB, divulgado nesta quarta-feira, 17, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

A alta quebrou uma sequência de três quedas mensais seguidas. Em relação a maio de 2018, o PIB cresceu 4,3%, mas o resultado foi contaminado pela fraca base de comparação, já que a atividade econômica de maio do ano passado foi atingida em cheio pela greve de caminhoneiros, que parou o País.

Segundo a FGV, na passagem de abril para maio, o crescimento é "explicado, principalmente, pelo desempenho da agropecuária (1,3%) e da indústria (0,6%), com crescimento em todos os seus componentes".

O avanço praticamente afasta a possibilidade de retrações na atividade econômica por dois trimestres consecutivos, o que configuraria o que economistas chamam de "recessão técnica". A avaliação é de Juliana Trece, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).

A alta de abril quebrou uma sequência de três quedas seguidas. Em abril, o Monitor do PIB havia apontado queda de 0,2% ante março. Dessa forma, apenas um resultado muito ruim em junho jogaria o PIB do segundo trimestre para o terreno negativo. "Recessão técnica não tem como. Tudo indica que o PIB do segundo trimestre vai ser positivo, mas no ano não vai crescer acima de 1,0%", afirmou Juliana.

A equipe responsável pelo Monitor do PIB estima avanço de 0,4% no segundo trimestre ante o primeiro. Ainda assim, mesmo com a possibilidade de retrações por dois trimestres seguidos no PIB, Juliana acha cedo para se falar em recuperação mais firme da economia.

A pesquisadora chamou atenção para o comportamento da formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB). A componente teve crescimento expressivo em maio ante abril, com 1,5%, superando, por exemplo o consumo das famílias.

No entanto, o avanço na FBCF está concentrado nos aportes em máquinas e equipamentos, como tem ocorrido desde o fim da recessão, na virada de 2016 para 2017. A construção civil, que responde por pouco mais da metade dos investimentos, ainda está em queda - na decomposição da FBCF no Monitor do PIB, a componente de máquinas e equipamentos cresceu 0,8% em maio ante abril, enquanto a construção encolheu 0,4% e o componente "outros" perdeu 0,5%.

Segundo Juliana, "enquanto não melhorar a construção, não dá para falar" em recuperação sustentável dos investimentos, capaz de impulsionar a economia como um todo.

Na comparação com maio de 2018, o crescimento de 4,3% "foi influenciado pela baixa base de comparação em decorrência da greve dos caminhoneiros de maio de 2018".

Com isso, entre os componentes do PIB, as únicas atividades que apresentaram retração "foram a intermediação financeira (-0,1%) e a extrativa mineral (-7,0%), esta devido aos efeitos da tragédia de Brumadinho". Pela ótica da demanda, todos os componentes avançaram.

IBC-Br

Dados do IBGE mostraram um crescimento em maio, após quatro meses seguidos de contração na atividade econômica, aliviando um pouco os temores de que o país entraria em recessão no segundo trimestre.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), avançou 0,54% em maio na comparação com abril, mostraram dados dessazonalizados divulgado pelo BC nesta segunda-feira.

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