Meta X realidade: o que a China queria (e o que aconteceu)
Histórico dos últimos anos mostra que na hora do aperto, a China acaba relativizando primeiro a meta de déficit, diz relatório do Credit Suisse
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de março de 2016 às 17h43.
São Paulo - A China já deixou de ser um país socialista faz tempo, mas mantém o hábito de fazer planos estratégicos sociais e econômicos de longo prazo.
Para 2016, a meta de crescimento foi estabelecida pela primeira vez com um intervalo (entre 6,5% e 7%) depois que os números dos últimos anos não foram alcançados por pouco.
Uma boa parte da volatilidade dos mercados neste início de 2016 vem do medo de que a China esteja diante de uma desaceleração brusca que derrubaria a demanda global.
Mas a China também não pode ficar presa a um número alto demais, sob pena de sacrificar seus outros dois objetivos de política econômica: estabilidade financeira e reformas para alterar o perfil da sua economia.
"Acreditamos que alcançar mesmo o patamar mais baixo dessa meta de crescimento para 2016 vai exigir mais estímulos monetários e fiscais (...) Este nível de suporte provavelmente vai frustrar a habilidade do governo de alcançar pelo menos um dos outros objetivos", diz Michael Taylor, chefe de crédito para Ásia-Pacífico da agência.
Um relatório recente do banco Credit Suisse notou que o histórico dos últimos anos mostra que na hora do aperto, a China acaba relativizando primeiro a meta de déficit:
"O governo anuncia um número menos agressivo, já que a prudência fiscal está sob escrutínio por alguns investidores internacionais e agências de rating, mas parece ser a tradição dos últimos anos de que o déficit acaba superando o planejado".
No caminho, as reservas internacionais estão sendo torradas em um ritmo acelerado diante de outra "trindade impossível": a impossibilidade de manter para sempre uma conta de capitais aberta, uma taxa de câmbio fixa e uma política monetária independente.
Veja o que a China projetou (e o que acabou acontecendo) nos últimos dois anos para crescimento, taxa de inflação, déficit, crescimento do investimento em ativos fixos, crescimento da base monetária e crescimento das vendas do varejo, assim como os números definidos para 2016:
2014
Meta | Resultado | |
---|---|---|
Crescimento do PIB | 7,5% | 7,3% |
Taxa de inflação | 3,5% | 2% |
Déficit fiscal como % do PIB | 2,1% | 2,1% |
Desemprego urbano | 4,6% | 4,1% |
Crescimento do investimento em ativos fixos | 17,5% | 15,7% |
Crescimento da base monetária (M2) | 13% | 12,2% |
Crescimento de vendas do varejo | 14,5% | 12% |
2015
Meta | Resultado | |
---|---|---|
Crescimento do PIB | 7% | 6,9% |
Taxa de inflação | 3% | 1,4% |
Déficit fiscal como % do PIB | 2,3% | não disponível |
Desemprego urbano | 4,5% | 4,1% |
Crescimento do investimento em ativos fixos | 15% | 10% |
Crescimento da base monetária (M2) | 12% | 13,3% |
Crescimento de vendas do varejo | 13% | 10,7% |
2016
Meta | |
---|---|
Crescimento do PIB | 6,5%-7% |
Taxa de inflação | 3,0% |
Déficit fiscal como % do PIB | 3,0% |
Desemprego urbano | 4,5% |
Crescimento do investimento em ativos fixos | 10,5% |
Crescimento da base monetária (M2) | 13% |
Crescimento de vendas do varejo | 11,0% |
São Paulo - A China já deixou de ser um país socialista faz tempo, mas mantém o hábito de fazer planos estratégicos sociais e econômicos de longo prazo.
Para 2016, a meta de crescimento foi estabelecida pela primeira vez com um intervalo (entre 6,5% e 7%) depois que os números dos últimos anos não foram alcançados por pouco.
Uma boa parte da volatilidade dos mercados neste início de 2016 vem do medo de que a China esteja diante de uma desaceleração brusca que derrubaria a demanda global.
Mas a China também não pode ficar presa a um número alto demais, sob pena de sacrificar seus outros dois objetivos de política econômica: estabilidade financeira e reformas para alterar o perfil da sua economia.
"Acreditamos que alcançar mesmo o patamar mais baixo dessa meta de crescimento para 2016 vai exigir mais estímulos monetários e fiscais (...) Este nível de suporte provavelmente vai frustrar a habilidade do governo de alcançar pelo menos um dos outros objetivos", diz Michael Taylor, chefe de crédito para Ásia-Pacífico da agência.
Um relatório recente do banco Credit Suisse notou que o histórico dos últimos anos mostra que na hora do aperto, a China acaba relativizando primeiro a meta de déficit:
"O governo anuncia um número menos agressivo, já que a prudência fiscal está sob escrutínio por alguns investidores internacionais e agências de rating, mas parece ser a tradição dos últimos anos de que o déficit acaba superando o planejado".
No caminho, as reservas internacionais estão sendo torradas em um ritmo acelerado diante de outra "trindade impossível": a impossibilidade de manter para sempre uma conta de capitais aberta, uma taxa de câmbio fixa e uma política monetária independente.
Veja o que a China projetou (e o que acabou acontecendo) nos últimos dois anos para crescimento, taxa de inflação, déficit, crescimento do investimento em ativos fixos, crescimento da base monetária e crescimento das vendas do varejo, assim como os números definidos para 2016:
2014
Meta | Resultado | |
---|---|---|
Crescimento do PIB | 7,5% | 7,3% |
Taxa de inflação | 3,5% | 2% |
Déficit fiscal como % do PIB | 2,1% | 2,1% |
Desemprego urbano | 4,6% | 4,1% |
Crescimento do investimento em ativos fixos | 17,5% | 15,7% |
Crescimento da base monetária (M2) | 13% | 12,2% |
Crescimento de vendas do varejo | 14,5% | 12% |
2015
Meta | Resultado | |
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Crescimento do PIB | 7% | 6,9% |
Taxa de inflação | 3% | 1,4% |
Déficit fiscal como % do PIB | 2,3% | não disponível |
Desemprego urbano | 4,5% | 4,1% |
Crescimento do investimento em ativos fixos | 15% | 10% |
Crescimento da base monetária (M2) | 12% | 13,3% |
Crescimento de vendas do varejo | 13% | 10,7% |
2016
Meta | |
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Crescimento do PIB | 6,5%-7% |
Taxa de inflação | 3,0% |
Déficit fiscal como % do PIB | 3,0% |
Desemprego urbano | 4,5% |
Crescimento do investimento em ativos fixos | 10,5% |
Crescimento da base monetária (M2) | 13% |
Crescimento de vendas do varejo | 11,0% |