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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h32.
Ampliar e reforçar o Mercosul e retomar negociações com o Canadá são prioridades para o Brasil no cenário comercial internacional. A avaliação foi feita pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Este governo tomou uma iniciativa importante, de acabar com o marasmo que tomou o Mercosul nos últimos três ou quatro anos , disse o ministro, em evento na CNI (Confederação Nacional da Indústria) nesta terça-feira (2/9). Furlan afirmou que, depois do Peru, que se tornou membro associado do Mercosul em 25 de agosto, estão na fila Equador e Venezuela, já com negociações avançadas.
Furlan disse também que o Brasil precisa superar o contencioso emocional gerado com o Canadá, por causa da disputa entre as fabricantes de aviões Embraer e Bombardier. Essa pendência tem de ser deixada de lado para que se construa uma agenda positiva com os canadenses . Segundo o ministro, Canadá e Mercosul têm mercados complementares.
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, concorda com a estratégia de fortalecer o Mercosul, que seria necessária para embasar a posição brasileira nas negociações comerciais mais amplas, na Organização Mundial do Comércio (OMC), na Alca e com a União Européia. É preciso avançar rapidamente nos acordos sub-regionais, com os outros países latino-americanos , afirma Monteiro Neto.
O encontro na CNI ocorreu para que representantes do empresariado e do governo discutissem o documento Posicionamento da CEB sobre as estratégias brasileiras nas negociações comerciais . A Coalizão Empresarial Brasileira (CEB) congrega 85 entidades que lidam com comércio exterior. O documento foi entregue ao governo há 15 dias. Na prática, afirma apoio à estratégia adotada pela diplomacia brasileira de dividir as negociações em três frentes - OMC, Alca e Mercosul-União Européia - e reforça a necessidade de preservar os interesses do setor produtivo nacional.
No encontro, ficou claro que o setor industrial brasileiro concorda que a grande prioridade é a agricultura. O Brasil tem todo interesse em uma rodada multilateral ampla e bem-sucedida, sendo condição sine qua non deste sucesso a obtenção de resultados efetivos na área da agricultura , afirma o texto da CEB. Empresários de todos os setores têm de estar conscientes da importância da negociação global , diz Osvaldo Douat, presidente da Douat Têxtil e do Conselho de Integração Internacional da CNI. O empresário acredita que mesmo setores industriais competitivos têm de ter paciência, para permitir que o Brasil obtenha o máximo de ganhos no agronegócio. Se não for assim, uma eventual vantagem setorial obtida hoje poderá ser engolida mais adiante por um acordo desvantajoso para o País . O presidente da CNI concorda, principalmente quando a negociação em questão é com a União Européia. "Somente ela (a abertura do mercado agrícola europeu) será capaz de justificar o esforço de liberalização que o acordo exigirá dos setores industriais e de serviços brasileiros", afirmou.