Economia

Mercado crê em reajuste de 10% no combustível até julho

O ambiente é favorável para reajuste neste segundo trimestre porque a inflação já dá sinais de arrefecimento

Entre as empresas, a Petrobras vem sentindo no caixa o impacto do alto volume de importações de combustíveis (SXC.Hu)

Entre as empresas, a Petrobras vem sentindo no caixa o impacto do alto volume de importações de combustíveis (SXC.Hu)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2012 às 18h58.

Rio de Janeiro - Analistas de bancos que acompanham a Petrobras acreditam na possibilidade de um reajuste de pelo menos 10 por cento nos preços da gasolina e do diesel nos próximos meses.

O ambiente é favorável para reajuste neste segundo trimestre porque a inflação já dá sinais de arrefecimento e há uma sazonalidade de queda nos preços dos alimentos de maio a julho, argumentam os especialistas.

E depois disso a proximidade do calendário eleitoral, com eleições em outubro, poderá complicar politicamente o aumento dos combustíveis, na visão do mercado.

Além disso, a Petrobras vem sentindo no caixa o impacto do alto volume de importações de combustíveis. No primeiro trimestre do ano, a estatal deverá mostrar um Ebitda (geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) negativo em 7,8 bilhões de reais na área de Refino, segundo projeção do Deutsche Bank.

A Petrobras divulga o balanço dos primeiros três meses na próxima sexta-feira.

Segundo o Deutsch Bank, há a possibilidade de um aumento de 10 por cento nos preços dos combustíveis até o terceiro trimestre de 2012.

"Acreditamos que o ambiente atual de subsídios à importação não é sustentável para a Petrobras e, portanto, estamos incluindo um aumento de 10 por cento no terceiro trimestre. As perdas de refino são crescentes, o que consideramos não ser apenas um problema de governança corporativa, mas um problema financeiro", afirmou o Deutsche em relatório.

Defasagem

Segundo o Banco Votorantim, a defasagem dos preços praticados no mercado interno da gasolina e do diesel em relação aos preços internacionais se encontra em 40 por cento e 50 por cento, respectivamente.

Em relatório, o Votorantim afirma que se a Petrobras alinhasse por completo a defasagem e reajustasse em 40 por cento os preços da gasolina, isso provocaria um impacto de 0,83 ponto percentual no IPCA, índice oficial da inflação brasileira.

Mas, segundo o banco, esse cenário é muito pouco provável. A hipótese mais provável para o Votorantim seria de um "reajuste da ordem de 20 por cento, que é o valor da defasagem média, com alguma redução da Cide (tributo que incide sobre combustível), para que o impacto não fique somente nas mãos do consumidor final".

Uma correção de 20 por cento nos combustíveis elevaria a projeção do IPCA deste ano, que atualmente está em 5,10 por cento, para 5,50 por cento.


"Na ponta inversa, caso a Petrobras conceda o menor reajuste considerado em nosso estudo, de 10 por cento, e reduza a Cide o máximo possível, ou seja, faça uma renúncia fiscal da ordem de 0,1 por cento do PIB, o impacto seria praticamente nulo na inflação", diz o estudo do banco.

Inflação

Entre os meses de abril e junho, o Votorantim estima uma inflação média de 0,40 por cento, abaixo da média observada no mesmo período do ano passado (0,46 por cento). Além disso, o banco diz que no período há uma "sazonalidade favorável dos preços dos alimentos, o que provoca um comportamento ainda benigno da inflação no segundo trimestre deste ano, abrindo caminho para um aumento dos combustíveis até julho".

O comportamento da inflação no início deste ano foi mais favorável do que o observado no mesmo período do ano passado na opinião do banco.

Na primeira pesquisa Focus do ano (06/01/12), o mercado projetava uma inflação acumulada para o primeiro trimestre de 2012 de 1,7 por cento, mas o resultado efetivo foi de 1,4 por cento.

"Além de ter surpreendido positivamente os analistas, o IPCA ficou 1 ponto percentual abaixo do valor registrado no primeiro trimestre de 2011 (2,4 por cento)", escreveu o Votorantim.

A inflação é o fator que pesa na decisão do governo de segurar o reajuste dos combustíveis.

Eleições

Para o Eurasia Group, a atual janela para a eventual correção dos combustíveis é neste segundo trimestre. "A inflação já converge para o centro da meta, e após o mês de julho o calendário eleitoral passa a ser um complicador".

O analista da Ativa Corretora, Ricardo Corrêa, também vê que o aumento deverá ocorrer até julho em função do calendário eleitoral. Mas, segundo ele, a expectativa de que o petróleo tenha que subir ainda mais para que isso seja feito pode ser um complicador.


No dia 3 de maio, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo elevará o preço da gasolina e do diesel quando o barril do Brent atingir 130 dólares.

"Não acreditamos que o petróleo volte ao patamar de 130 dólares agora, com o atual cenário internacional", afirma Corrêa.

O petróleo Brent fechou nesta terça-feira a 112,73 dólares o barril. No início do ano, a commodity chegou próxima de 130 dólares, mas recuou desde então em meio a preocupações com a economia global, com temores sobre a demanda e com importantes produtores globais bombeando volumes historicamente altos.

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