Economia

Melhora de rating brasileiro dá força a críticos da Selic

Analistas vêem espaço para redução da taxa básica de juros com imagem mais positiva do país no mercado externo

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.

As recentes investidas do governo para melhorar o perfil da dívida brasileira tiveram o primeiro reconhecimento de uma agência de risco nesta terça-feira (28/2). A Standard and Poor';s (S&P)  elevou os ratings dos títulos públicos brasileiros, ou seja, classificou como de menor risco os papéis emitidos pelo governo em moeda estrangeira e nacional. A medida melhora a imagem do Brasil perante os investidores internacionais e dá mais um argumento aos que defendem a queda das taxas internas de juros no país.

O anúncio da reclassificação brasileira pela S&P de BB+ para BB em moeda local e de BB para BB- em moeda estrangeira já era antecipado pelo mercado, que vem acompanhando as sucessivas quedas do risco-Brasil para níveis abaixo dos 230 pontos. Paulo Tenani, professor de Finanças Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, acredita que o anúncio trará mais confiança aos investidores estrangeiros e taxas de juros mais baixas aos brasileiros: "A nova classificação é muito positiva para o risco-Brasil, que afeta as taxas de juros".

Tenani explica que a melhor imagem do país lá fora diminui a sensação de risco que os estrangeiros têm ao colocar o dinheiro no Brasil e, portanto, reduz o valor da remuneração que o país precisa oferecer em troca de capital. Ter um risco-país de 230 pontos significa, a grosso modo, que o país deve pagar para o investidor 2,3% acima da remuneração dos títulos da dívida americana além dos juros acertados. "O Brasil paga uma taxa de juros no mercado externo em torno de 6%. A taxa de juros aqui dentro tem de ser 6% mais os custos de investir aqui. A Selic tem de compensar todos esses custos e riscos", diz. É por isso, segundo o professor, que a elevação de rating do país abre um espaço para queda da Selic a taxa básica de juros brasileira.

Conservadorismo como obstáculo

Mesmo com a decisão da S&P, o conservadorismo demonstrado pelo Banco Central (BC) pode atrasar a queda dos juros, na opinião de Antonio Correia de Lacerda, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Lacerda entende que o novo patamar de rating do Brasil é mais um fator que pesa contra a atual Selic, de 17,25% ao ano, considerada por ele elevada demais. No entanto, ele teme que os diretores do Comitê de Política Monetária não assimilarão a notícia com rapidez. "Se a classificação de risco melhora, significa que essa taxa de risco pode ser reduzida. Mas acho que o Banco Central brasileiro anda sendo muito conservador. Talvez haja queda da Selic em 1ponto percentual na próxima reunião", diz. O Copom se reúne para decidir se mantém ou modifica a taxa básica de juros nos dias 7 e 8 de março.

Mais otimista, Tenani, da FGV, acredita que o BC deve promover cortes repetidos que levarão a Selic a 10% em 2007. "O mais importante é quanto os juros vão cair ao longo do ciclo de afrouxamento monetário. Hoje em dia 10% de Selic no fim de 2007 não é mais irreal", afirma.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

São Paulo cria meio milhão de empregos formais em um ano, alta de 3,6%

EUA divulga payroll de agosto nesta sexta — e que pode ser crucial para o Fed

Senado marca sabatina de Galípolo para 8 de outubro, dia em que indicação será votada no plenário

Lula diz que acordo com Vale sobre desastres em Minas Gerais será resolvido até outubro

Mais na Exame