Medida do Banco Central mostra preocupação com liquidez
Segundo consultoria, se a instituição financeira tem alta liquidez, o investimento no compulsório não tem tanto impacto na remuneração
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2014 às 13h06.
São Paulo - As medidas anunciadas nesta quarta-feira, 20, pelo Banco Central (BC), com ajustes de regras no recolhimento compulsório a prazo e de critérios relativos ao requerimento mínimo de capital para risco de crédito, revelam uma preocupação maior da autoridade monetária com liquidez "principalmente relacionada a Pequenas e Médias Empresas e pequenos bancos".
A avaliação é da economista Mariana Oliveira, da consultoria Tendências . "Como estamos falando de depósitos a prazo, que já são remunerados pela Selic , a liberação tem mais efetividade quando o banco realmente tem problema de liquidez mais elevado", avaliou.
Segundo ela, se a instituição financeira tem alta liquidez, o investimento no compulsório não tem tanto impacto na remuneração, porque o compulsório a prazo já é remunerado. Na avaliação da economista, as medidas também têm algum efeito expansionista.
"Ao liberar crédito para o varejo, é difícil controlar o efeito secundário na economia", se referindo a possíveis impactos na inflação.
A reversão das medidas macroprudenciais, anunciada hoje, pode ter algum impacto importante no afrouxamento do crédito. "Não é de imediato que deve haver bancos novamente fazendo expansões fortes do prazo dos financiamentos", disse.
"Agora, com as medidas, os bancos têm abertura para, no médio prazo, retomarem uma ampliação mais robusta de financiamento", comentou.
No entanto, ela destaca que, no cenário projetado pela consultoria Tendências, está previsto um aumento da inadimplência em 2015, devido a condições mais apertadas de crédito, alta na taxa de juros e desaquecimento do mercado de trabalho.
Este cenário leva a crer, segundo a especialista, que mesmo com as medidas anunciadas hoje pelo Banco Central é difícil haver uma ampliação maior nos prazos de financiamentos já no ano que vem.
"Este ambiente traz uma postura que limita um comportamento muito agressivo dos bancos, que estão preocupados com as perdas (causadas pela inadimplência)", comentou.