Economia

Inflação será de, no mínimo, 6,5% em 2013 e 2014, prevê MB Associados

No caso de uma crise aguda, o IPCA esfriaria em 2012, mas explodiria nos dois anos seguintes

Inflação no Brasil pode beirarr os dois dígitos em caso de crise mais aguda (Stock.xchng)

Inflação no Brasil pode beirarr os dois dígitos em caso de crise mais aguda (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 11h08.

São Paulo – A consultora MB Associados, uma das maiores do mercado, projeta um cenário sombrio para a inflação brasileira no médio prazo.

As previsões têm como premissa a continuidade da queda de juros nas próximas reuniões do Banco Central (BC). Em agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic de 12,50% para 12% ao ano.

A consultoria, comandada pelo ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda José Roberto Mendonça de Barros, traça dois cenários para a crise internacional (veja tabela na próxima página).

No primeiro – considerado o mais provável –, não há uma crise aguda na Europa. O Brasil cresceria em torno de 4% neste ano e em 2012, desacelerando um pouco a inflação. Depois, no entanto, passaria a ter expansão mais robusta do seu Produto Interno Bruto (PIB), levando o IPCA para o teto da meta (6,50%).

“Pode haver vários momentos de inflação novamente acima desse patamar, como estamos justamente agora. O risco eventual que corremos é que a inflação discutida não seja 6,5%, mas um número maior do que isso”, escreve o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, em relatório distribuído a clientes.


No segundo cenário, a Grécia dá um calote sem grandes negociações, gerando uma crise bancária – com efeitos semelhantes a 2008 e 2009. Nesse contexto, o Brasil teria um 2012 perdido (crescimento zero). “Poderia ser até mais negativo do que em 2009 porque a crise atual, se ocorrer, poderá ter consequências mais graves para o crescimento mundial do que naquele momento. A razão básica é que não existem mais instrumentos fortes de recuperação econômica para esses países”, explica Sérgio Vale.

A inflação deixaria de ser um problema em 2012, mas uma bomba-relógio estaria armada para os dois anos seguintes.” O pior viria em 2013 e 2014, quando os efeitos excessivamente estimulantes da política econômica levaria nosso crescimento para a casa dos 8% e aí estaríamos falando em inflação que começa a ficar fora do controle, com números que começam a beirar os dois dígitos.”

A consultoria afirma que o governo Dilma está reeditando o modelo econômico da época de Ernesto Geisel, presidente de 1974 a 1979. “Contra uma crise externa forte, a reação é fazer a economia crescer mais ainda. Aquela decisão levou a aumento do endividamento externo e inflação.”

“Qual deverá ser o resultado no longo prazo se essa política perdurar? Teremos uma inflação que gradualmente se elevará, o que exigirá um choque eventual mais forte para trazer a inflação para baixo”, conclui Sérgio Vale.

  Sem crise aguda Sem crise aguda Com crise aguda Com crise aguda
Fonte: MB Associados
Ano/Variável PIB IPCA PIB IPCA
2011 3,8% 6,5% 3,2% 6,4%
2012 4,0% 5,7% 0,0% 4,7%
2013 6,0% 6,5% 8,0% 7,5%
2014 5,0% 6,5% 6,0% 8,5%
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