Guido Mantega: o ministro afirmou que no ano que vem o País voltará a mostrar crescimento de produtividade maior do que a alta dos salários, como era em 2010 (Evaristo Sa/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 07h22.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira, em entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News, que descontar os investimentos da meta de superávit primário não é uma medida heterodoxa, "é uma medida concedida a países que possuem responsabilidade fiscal".
Mantega frisou que isso não é uma novidade e que essa atitude já foi tomada em 2009. Ele justificou o resultado fiscal menor de 2012 afirmando que foi necessário fazer desonerações, ao mesmo tempo em que houve queda na arrecadação.
Mantega lembrou que o País está fazendo uma forte economia com o pagamento de juros e garantiu que, em 2013, o Brasil terá maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e "faremos o superávit cheio". "Em 2013, economizaremos entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões com juros", disse.
O ministro afirmou ainda que no ano que vem o País voltará a mostrar crescimento de produtividade maior do que a alta dos salários, como era em 2010. "Um aumento de salários entre 1,5% e 2% é suportável se a produtividade crescer 3%. E em 2013 vamos voltar a isso", afirmou. Quanto à alta maior do salário mínimo, Mantega afirmou que "isso é uma medida social".
Crise europeia
Mantega disse também que a Europa está mergulhada em uma crise crônica e que está empurrando a solução com a barriga. Ele ressaltou a dificuldade do bloco em colocar medidas em prática e a demora em implantar instituições.
"O presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, me disse que a supervisão bancária não sai antes de 2014", afirmou o ministro. Para Mantega, "só aí é que o BCE pode ajudar a Espanha". Na avaliação do ministro da Fazenda, a crise econômica da Europa não vai aumentar, mas haverá baixo crescimento e mais desemprego e "a crise política vai se agravar".
Mantega considera que o mercado financeiro europeu está estabilizado, mas fechado e sem dinamismo. Isso faz com que "o pessoal venha atrás do nosso mercado, e aí temos que defender e não proteger, porque não gostamos de protecionismo".