Economia

Mantega classifica de impasse situação argentina com fundos

Fundos são chamados de abutres porque compraram papéis da dívida a preços baixos depois da moratória de 2001 e entraram na Justiça para cobrar o valor integral

Mantega classifica de impasse situação argentina com fundos abutres (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mantega classifica de impasse situação argentina com fundos abutres (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2014 às 13h45.

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, evita classificar de default (calote) a situação da Argentina em relação aos credores dos chamados fundos abutres. Para ele, neste momento, há apenas um “impasse”, pois o mercado “já se adaptou” à crise.

“Acho que o mercado meio que se ajustou a um possível impasse. Não chamaria de default, chamaria de impasse. O mercado já se adaptou. Já precificou. Portanto, não terá no curto prazo nenhuma consequência maior”, disse.

Os fundos têm sido chamados de abutres, porque compraram papéis da dívida argentina a preços baixos depois da moratória de 2001 e entraram na Justiça para cobrar o valor integral, sem o desconto, como aceitaram os outros credores. A Justiça, então, concedeu aos fundos abutres o direito de receber a totalidade da divida (US$ 1,3 bilhão), sem desconto, e com os juros acumulados durante o longo processo.

Mas, para Mantega, a Argentina não pode ser considerada em default porque tem pago as dívidas, inclusive com o Clube de Paris (formado por 19 países), o que ocorreu recentemente. Isso mostra, segundo ele, que a Argentina não está dando um calote. “É uma situação sui generis. [É] uma situação excepcional, porque quem está impedindo ela de fazer os pagamentos é um juiz americano. Acho que ainda há uma margem de negociação.”

O ministro avalia ainda que se a Argentina deixar de fazer os pagamentos os fundos abutres, esses mesmos investidores também perderão. Por isso, é importante que haja uma negociação. De acordo com Mantega, é melhor para os credores receber uma parte do que, nada.

Mantega defende que o impacto, neste primeiro momento no Brasil, é nulo e sem consequências direta e que não afeta o mercado internacional. Na avaliação do ministro, existe um problema maior e que poderá impactar em novas renegociações de dívidas externas de vários países no futuro. “Vou dar um exemplo: 'recentemente foi feita uma reestruturação da Grécia e lá se chegou a um acordo parecido com o da reestruturação da dívida argentina'. Agora, com a decisão da corte americana pode comprometer futuras reestruturação de dívidas”, avaliou.

Ele destacou que haverá reações da comunidade internacional da forma como o problema está sendo conduzido e que o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) tem criticado a situação. “Não é um questão circunscrita à Argentina. Devemos trabalhar para tentar reverter essa situação e não permitir que essa reestruturação legítima que a Argentina fez no passado seja inviabilizada.”

Para o ministro, mesmo uma agência rebaixando a nota de risco da Argentina, não significa que o mercado financeiro já tenha considerado o país em default porque as negociações ainda podem continuar. “Existem outras soluções. Por exemplo, alguma instituição financeira comprar os títulos dos abutres, porém com valores menores. Eles estão jogando tudo ou nada, mas as negociações valem a pena. Não vamos nos precipitar.”

As consequências no primeiro momento são para a Argentina porque ela terá mais dificuldade de captação no mercado externo e prejuízo na atividade econômica, que poderá ser um pouco menor do que está sendo, além do comércio exterior, no entendimento de Mantega. Mas como o país é exportadora de commodities (básicos) poderá ter um caixa nesse segmento.

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