Economia

Mansueto: mesmo com recuperação, desafio de emprego deve continuar em 2022

Para o economista-chefe do BTG Pactual, expectativa de retomada econômica no Brasil para este ano melhorou, mas taxa de desemprego deve seguir com dois dígitos no ano que vem

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, participou do evento CEO Conference Brasil 2021, organizado pelo banco (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, participou do evento CEO Conference Brasil 2021, organizado pelo banco (Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2021 às 12h30.

Última atualização em 26 de maio de 2021 às 13h00.

A expectativa de retomada econômica no Brasil hoje é melhor do que a de um mês atrás para este ano. Apesar da recuperação no horizonte e da projeção da continuidade do crescimento em 2022, o país ainda enfrentará um desafio que não deve arrefecer até o fim do ano que vem: o desemprego. A avaliação é do economista-chefe do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME), Mansueto Almeida, que participou do evento CEO Conference Brasil 2021, organizado pelo banco nesta quarta-feira, 26.

A previsão do economista é que o Brasil termine 2022 com a taxa de desemprego ainda em dois dígitos. "Possivelmente teremos uma recuperação da economia e crescimento do emprego formal, mas a taxa de desemprego vai continuar alta", afirmou.

"Estamos numa recuperação cíclica. No próximo ano o crescimento vai ser menor, mas estamos vindo de um ano forte", prevê.

Mansueto ressalta que um dos fatores que agravam o problema do mercado de trabalho é o fato de grande parte dos empregos do país depender do setor de serviços, o mais afetado enquanto ainda há risco de novas ondas de contaminação e não há uma reabertura consistente.

"Mais de 60% do PIB do Brasil está ligado ao setor de serviços, que é de fato o setor que emprega. Então possivelmente teremos uma recuperação da economia e crescimento do emprego formal, mas a taxa de desemprego vai continuar alta", afirmou durante o evento.

Segundo ele, o desafio do país neste ano, no próximo e no seguinte é gerar emprego para as cerca de 8 milhões de pessoas que saíram do mercado de trabalho desde fevereiro do ano passado. "Além de gerar novos postos para as cerca de 1,5 milhão de pessoas que tradicionalmente todos os anos entram no mercado", ressaltou.

O país hoje tem um desemprego de 14,4%, que atinge 14,4 milhões de pessoas, o recorde da série histórica. Além dos desempregados, no fim de abril o país contava com cerca de 6 milhões de desalentados, aqueles que não entram na contagem do desemprego por terem desistido de procurar trabalho.

Impacto reduzido da terceira onda

Quanto ao possível impacto nas expectativas do PIB para este ano se o país enfretar uma terceira onda de contaminações da covid-19, o economista avalia que, mesmo se houver um novo endurecimento das medidas de restrição, parte da atividade econômica pode não sofrer um baque tão grande.

“Uma surpresa é que as empresas aprenderam a trabalhar com distanciamento social. O setor de serviço que precisa de contato pessoal, esse sofreu e vai demorar um pouco a recuperar. Mas indústria e serviços que não precisam do contato pessoal continuam uma recuperação muito forte", prevê.

Segundo ele, será crucial a atenção nos próximos dois a três meses, quando o número de vacinas previstas no calendário do Ministério da Saúde é mais baixo do que para o final do ano. “Se a gente conseguir controlar o número de casos e mortes dos dois próximos meses, espero que a partir de julho e agosto a campanha de vacinação fique mais rápida e a gente tenha pelo menos metade da população vacinada com a primeira dose por volta de setembro", afirma. “Sabemos que se há pelo menos metade da população vacinada com a primeira dose é possível fazer essa abertura mais tranquila", ressaltou.

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