Economia

Lula terá desafios apesar da grande vitória, diz imprensa internacional

Desgaste da campanha eleitoral poderia comprometer próximo mandato

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h14.

Uma vitória retumbante - foi assim que os jornais internacionais chamaram a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em suas edições desta segunda-feira (30/10), dia seguinte à realização do segundo turno das eleições. No entanto, a imprensa mundial não deixou de ressaltar que a disputa travada com o tucano Geraldo Alckmin deixará marcas no próximo mandato do petista, que podem até mesmo comprometer a condução da economia.

O americano The New York Times afirma que os escândalos recentes, como o que envolveu a suposta compra de um dossiê contra Alckmin, do PSDB, por membros do PT, não foram suficientes para evitar que Lula tivesse uma conquista "esmagadora". Segundo o jornal, o presidente garantiu a reeleição graças a avanços na economia e a programas sociais de seu governo. Também teria funcionado, de acordo com o jornal americano, a tática de fomentar entre a população o temor de trocar o certo - que seria a administração atual - pelo duvidoso - um governo de Alckmin. "Isso claramente fez efeito entre a classe de trabalhadores, que sempre foram sua base eleitoral", afirma o The New York Times. O americano ainda afirmou que Lula, que "tem governado pela direita, pelo menos em relação à conservadora política econômica", conseguiu vencer frente a um Alckmin que não conseguiu desfazer sua imagem de "filho manso e um tanto pedante da classe média".

O também americano The Wall Street Journal ressalta que Lula usou "carisma" para superar os escândalos de corrupção, mas afirma que as cicatrizes da campanha eleitoral serão um "desafio formidável" no próximo mandato. De acordo com o jornal, a briga eleitoral pode "reduzir a habilidade de Lula de forçar as mudanças legislativas necessárias para estimular a economia brasileira, que vem crescendo pouco". O caso do dossiê, por exemplo, "poderia dissipar as energias do governo do petista e dificultar a coexistência com o PSDB de Alckmin, o principal da oposição", diz o The Wall Street Journal. O jornal ainda afirma que Lula tem recorrido a expoentes da política e do empresariado brasileiro, agora que muitos de seus aliados mais próximos tiveram de se afastar do presidente: "Nos últimos meses, Lula tem cortejado industriais, incluindo Jorge Gerdau, segundo fontes próximos aos assunto". O americano cita ainda a especulação de que o ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto poderia voltar ao governo no próximo mandato de Lula.

Enquanto os jornais americanos se preocupam com a condução da política, o britânico Financial Times (FT) olha para a economia. O jornal aponta que Lula conseguiu "apoio sólido" entre as classes mais baixas do país, mas causou "consternação entre muitos economistas" graças à retórica antiliberal que exibiu durante a campanha para o segundo turno das eleições. De acordo com o FT, os economistas vêem o discurso como "um sinal de que cortes nas despesas, necessárias para liberar dinheiro para investimento e crescimento, são menos prováveis neste segundo mandato de Lula do que foram no primeiro".

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