Economia

Lufthansa dobrou atuação no Brasil e busca parcerias com a Embraer, diz CEO

Carsten Spohr diz que o país terá papel importante no futuro da empresa alemã, pois há aumento da demanda por experiências de luxo

Lufthansa: avião A380, em Munique, na Alemanha (Divulgação)

Lufthansa: avião A380, em Munique, na Alemanha (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de internacional e economia

Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 14h25.

A companhia aérea alemã Lufthansa, que dobrou o volume de voos ao Brasil nos últimos dois anos, busca novos destinos no país e mais parcerias com a fabricante Embraer, disse Carsten Spohr, CEO global da empresa.

"A promessa que fiz na minha última visita foi cumprida. Voltamos a operar [o voo] Munique-São Paulo. Também temos voo para Zurique. Além disso, temos voos diários de Frankfurt ao Rio, e a ITA também voa para Roma todos os dias a partir do Rio de Janeiro", disse Spohr, durante café da manhã com jornalistas, em São Paulo.

O grupo Lufthansa também é dono das companhias Swiss e ITA (antiga Alitalia). A empresa alemã adquiriu, em janeiro, 41% da ITA e passou a controlá-la.

"Estamos buscando mais destinos no Brasil. Então, na minha próxima visita, irei a Fortaleza dar uma olhada", disse Spohr.

O CEO afirmou que a empresa espera maior crescimento dos mercados do Hemisfério Sul, puxado pelo maior interesse das pessoas em experiências e conforto, bem como da melhora de renda em países da região.

"Nos últimos 30 anos, o sucesso da minha empresa foi muito baseado no Hemisfério Norte, na América do Norte, na China, na Coreia e no Japão. Nos próximos anos, estou convencido de que haverá uma mudança em direção ao Hemisfério Sul. Em primeiro lugar, América Latina, mas também África, Sudeste Asiático e Austrália", afirmou.

Spohr tem observado um aumento do consumo de luxo no Brasil, um perfil que interessa à Lufthansa. A empresa oferece voos de primeira classe a partir de São Paulo, enquanto diversos competidores aboliram essa categoria nos últimos anos.

"A riqueza no Brasil vem crescendo. Eu estava em Roma na semana passada, em um hotel muito bom, cheio de brasileiros. Então, há uma tendência óbvia entre os brasileiros que podem pagar", afirma.

Carsten Sporh, CEO da Lufthansa (Divulgação)

Falta de aviões

O CEO aponta, no entanto, que há dificuldade para criar rotas de forma mais rápida, devido à demora na entrega de novas aeronaves pelos fabricantes, um problema que se estende desde a época da pandemia.

"Estamos com falta de aviões. Todos sabemos que a indústria está com atrasos em aviões, então, para um novo destino, eu preciso de um avião novo, porque eu não vou tirar um de outro lugar. Então, vamos ver o que podemos adicionar também para Rio e São Paulo", afirma.

Spohr avalia que a crise de falta de aviões deve durar pelo menos até 2030. "Não faltam apenas aviões; faltam também motores e partes de motores", disse.

"Ordenamos um 777 em 2013, que deveria ser entregue em 2021. E agora será entregue em 2027", afirmou. "Em outro exemplo, no último verão europeu, estávamos sem 41 aviões da Boeing e não tínhamos como substituí-los. Então, usamos 18 aviões mais velhos para voar em algumas rotas. E, em 23 rotas, não pudemos voar porque não tínhamos o avião como planejado. É patético."

Neste contexto de falta de aeronaves, Spohr também aproveitou a viagem ao Brasil para se reunir com a Embraer.

"Já estamos trabalhando com a Embraer na parte de manutenção e também temos um operador de aeronaves da Embraer e vamos voar daqui para lá [sede da Embraer] com meu time que veio de Frankfurt para ver os últimos desenvolvimentos da Embraer", afirma.

"É ótimo ter um terceiro competidor, um competidor brasileiro, para criar uma corrida mais apertada em inovação e qualidade", disse.

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