Economia

Laços comerciais do Brasil com a China ampliam problemas

A dependência brasileira em relação à China está piorando a perspectiva da maior economia da América Latina


	Nota de real: o real liderou as perdas entre as principais moedas e o índice acionário do país, o Ibvoespa, tocou o nível mais baixo em cinco meses na terça-feira
 (Agência Brasil)

Nota de real: o real liderou as perdas entre as principais moedas e o índice acionário do país, o Ibvoespa, tocou o nível mais baixo em cinco meses na terça-feira (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2015 às 22h00.

A dependência do Brasil em relação à China está piorando a perspectiva para a maior economia da América Latina.

O real liderou as perdas entre as principais moedas e o índice acionário do país, o Ibovespa, tocou o nível mais baixo em cinco meses na terça-feira, depois que a desvalorização surpresa do yuan impulsionou as apostas de que a demanda pelo minério de ferro, pela soja e pelo frango do Brasil na China irá diminuir em um momento em que seu principal parceiro comercial busca reforçar as exportações.

A medida mostrou como as autoridades chinesas estão preocupadas em relação à desaceleração econômica mais profunda do país desde 1990.

A crescente inquietação em relação à China não poderia vir em pior momento para o Brasil, que viu sua classificação de crédito ser reduzida na terça-feira pela Moody’s Investors Service em meio ao maior déficit fiscal em pelo menos uma década e a um escândalo de corrupção que envolveu algumas das maiores empresas do país.

Qualquer queda na demanda chinesa por commodities pode prejudicar as produtoras de matérias-primas, que respondem por um quarto do Ibovespa.

“As pessoas começam a pensar que se a China está adotando uma medida assim, pode ser porque a desaceleração econômica por lá está pior do que pensamos”, disse Pablo Spyer, diretor da unidade Brasil da Mirae Asset Financial Group, de São Paulo.

A Vale SA, que obtém um terço de suas receitas na China, se uniu à corrida para venda na terça-feira, estendendo a queda deste ano para 24 por cento.

O MSCI Brazil/Materials Index mergulhou ao nível mais baixo em uma semana e está em baixa de 32 por cento neste ano.

O declínio de 24 por cento do real desde dezembro é o pior entre as 16 principais moedas.

O Brasil exportou US$ 41 bilhões para a China no ano passado, contra US$ 27 bilhões para os EUA, seu segundo maior mercado.

A desvalorização da China impulsionará a volatilidade nos mercados cambiais e poderá levar a taxas de juros mais elevadas no Brasil em um momento em que o Comitê de Política Monetária do Banco Central busca conter a inflação, segundo Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, uma firma de consultoria de São Paulo. Isso colocaria um peso adicional sobre uma economia para a qual já se prevê a maior contração em 25 anos.

“Se o cenário internacional continuar afetando o real, o BC poderá ter que agir”, disse ela.

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