Economia

Krugman apoia manifesto que critica análises e soluções para crise

Documenta argumenta que compreensão e soluções para crise estão equivocados e convoca economistas a debater alternativas

Austeridade defendida por líderes como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, é criticada no manifesto (Johannes Eisele/AFP)

Austeridade defendida por líderes como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, é criticada no manifesto (Johannes Eisele/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 12h58.

São Paulo – Crítico notório da maneira como a crise econômica global vem sendo endereçada, o economista Paul Krugman está convocando seus pares a assinarem um manifesto pelo bom-senso econômico.

O documento argumenta que, quatro anos após o início da crise, as maiores economias do mundo continuam patinando, em um cenário que remete à grande crise dos anos 1930s, e o motivo para isso é que as ideias sobre as causas, a natureza e as soluções adequadas para o problema são ultrapassadas e erradas.

Segundo manifesto, a partir dessa visão equivocada, as pessoas passaram a apoiar a excessiva austeridade fiscal em muitos países.

Embora muitos gestores públicos argumentem que a crise foi causada pelo endividamento público irresponsável, o manifesto alega que, com exceção da Grécia, isso não é verdadeiro. A crise teria sido causada pelos empréstimos excessivos no setor privado, especialmente pelos bancos excessivamente alavancados.

“O colapso da bolha levou a quedas na produção e, portanto, das receitas fiscais. Assim, os grandes déficits governamentais que vemos hoje são uma consequência da crise, e não sua causa”, diz o documento.

Quando a bolha imobiliária explodiu, o setor privado deixou de gastar para tentar reduzir suas dívidas. Embora seja uma resposta racional, isso acabou prejudicando todos, pois o “gasto de uma pessoa é o ganho de outra”, alega o manifesto. O resultado foi a depressão econômica que agravou as dívidas públicas.

Em vez de incentivar os gastos para equilibrar a balança em um momento em que o setor privado estava segurando as despesas, os governos cortaram investimentos e aumentaram impostos, penalizando ainda mais as pessoas comuns.


O manifesto defende que é preciso agir agora para reduzir o desemprego antes que ele se torne endêmico, o que inviabilizaria a redução do déficit público.

Segundo o documento, não há evidências que apoiem a tese de que a austeridade vai aumentar a confiança dos investidores e impulsionar a recuperação dos países. Pelo contrário, um estudo feito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) analizou 173 casos de cortes no orçamento público e concluiu que, consistentemente, o resultado é a contração da economia.

“As empresas só investem quando elas podem prever um número grande de consumidores com renda suficiente para gastar. Austeridade desencoraja o investimento”, diz o manifesto.

O documento, que já tem mais de 1 mil signatários, defende que o modelo adotado para lidar com a crise é ultrapassado, falha em incentivar a demanda e penaliza todos, principalmente as pessoas e convoca economistas e outros setores interessados da sociedade a debater alternativas a ele.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaCrise gregaCrises em empresasEconomistasEuropaGréciaPaul KrugmanPersonalidadesPiigs

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor