Kirchner compara ação dos fundos a mísseis financeiros
A presidente da Argentina defendeu a postura de seu governo de não reconhecer o calote. "Impedir que alguém pague não é default", alegou Cristina Kirchner
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2014 às 21h47.
Em sua primeira mensagem à nação após o país ser considerado em "default" parcial, a presidente argentina, Cristina Kirchner , comparou a ação dos fundos especulativos nos Estados Unidos a "mísseis financeiros que também causam danos" a civis, como na guerra.
Cristina também voltou a ignorar o status de "default".
"Vivemos em um mundo profundamente injusto e profundamente violento e isso também é violência, porque os mísseis... Como na guerra... Quando os mísseis são financeiros também matam e causam danos a civis", disse a presidente, em um ato na Casa de Governo em Buenos Aires.
Em meio a uma grande expectativa pela entrada em "default" parcial da terceira economia da América Latina na quarta-feira, Kirchner defendeu a postura de seu governo de não reconhecer o calote.
"Impedir que alguém pague não é default", alegou Kirchner.
Ontem venceu o prazo para o pagamento de US$ 539 milhões de bônus - "que a Argentina pagou", reiterou a presidente, repetindo as palavras de seu ministro da Economia, Axel Kicillof.
Os fundos não chegaram aos credores, porém, por causa de uma decisão judicial.
Em função disso, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a nota da dívida argentina para "default seletivo", que implica o descumprimento de pagamento de uma parte da dívida.
E, nesta quinta, em decisão similar, a agência Fitch determinou "default parcial".
"A todos os argentinos, quero que fiquem muito tranquilos, porque a Argentina vai utilizar todos os instrumentos legais que nos dão os nossos próprios contratos firmados com 92,4% dos credores", os quais aceitaram negociar a dívida, acrescentou a presidente, em rede nacional.