Produção veicular: "Os dados da Anfavea mostram que, por mais que a economia ainda não tenha ganhado tração, já há sinais de melhora. E isso pode deixar o BC mais livre para agir", disse operador (Sean Gallup/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2013 às 17h09.
São Paulo - As taxas de juros de prazo curto fecharam nesta quinta-feira perto da estabilidade, enquanto os contratos de vencimento mais longo mostraram queda.
Segundo profissionais da área de renda fixa, o crescimento da produção de veículos no País, divulgado nesta manhã, pode sinalizar uma atividade econômica um pouco melhor no primeiro trimestre, abrindo caminho para que o Banco Central aja com mais urgência no combate à inflação.
Ao término da negociação normal na BM&F, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 (274.385 contratos) marcava 7,22%, de 7,23% no ajuste anterior.
O DI com vencimento em janeiro de 2014 (317.600 contratos) apontava 7,85%, de 7,86% na véspera. O juro com vencimento em janeiro de 2015 (321.225 contratos) indicava 8,53%, de 8,55%. O contrato com vencimento em janeiro de 2017 (206.680 contratos) marcava mínima de 9,26%, ante 9,34% na quarta-feira, e o DI para janeiro de 2021 (15.700 contratos) estava na mínima de 9,82%, ante 9,93% no ajuste.
"Os dados da Anfavea mostram que, por mais que a economia ainda não tenha ganhado tração, já há sinais de melhora. E isso pode deixar o Banco Central mais livre para agir", afirmou um operador.
De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, a produção de veículos em março cresceu 39,2% ante fevereiro e aumentou 3,4% na comparação com março de 2012. No ano, acumula alta de 12,1%. Entre caminhões, a produção atingiu 16.948 unidades, o que corresponde a um aumento de 21,9% ante fevereiro e a uma alta de 6,6% sobre março de 2012.
O resultado desse cenário é um aumento das apostas em elevação da Selic já neste mês, ainda que a maioria dos investidores jogue suas fichas em um aperto monetário apenas em maio. A taxa de juros estampa pouco mais de 50% de chance de uma elevação da Selic em abril. Para maio, a precificação é de 100% para uma elevação de 0,25 ponto porcentual.
Para o superintendente de Tesouraria do Banco Indusval & Partners (BI&P), Daniel Moreli Rocha, a situação da inflação corrente, somada a alertas do Banco Central, justifica uma alta da Selic em abril.
Ele espera elevação de 0,25 ponto porcentual para o juro básico, para 7,50% ao ano. Em entrevista à Agência Estado, ele disse que, em seus cálculos, o IPCA (indicador oficial de inflação) deve fechar março em 0,50%, o que, se confirmado, levaria a taxa acumulada em 12 meses a 6,62%, superando, portanto, o teto da meta de 6,50%.
Contribuindo para este cenário inflação pressionada, foi definido em 6,31% o teto para o cálculo do reajuste dos preços de medicamentos. Faltava esse detalhamento aos fabricantes que estão autorizados, desde 30 de março, a subir os preços.