Isenção de imposto para compras internacionais de até US$ 50 começa hoje; veja o que muda
A medida só vale para empresas que atenderem o plano de conformidade do governo, ou seja, que estiverem em dia com suas obrigações tributárias
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 1 de agosto de 2023 às 07h40.
Última atualização em 1 de agosto de 2023 às 10h17.
Começa a valer nesta terça-feira, 1, a portariaque estabelece uma alíquota zero do imposto de importação sobre compras internacionais feitas pela internet de até US$ 50.A medida só vale para empresas que atenderem o plano de conformidade do governo, ou seja, que estiverem em dia com suas obrigações tributárias.
A regra de isenção nas compras de até US$ 50 valia exclusivamente para remessas entre pessoas físicas. Agora, passa a valer de empresa para consumidores. As compras online de até US$ 50, realizadas em empresas que não cumprirem com suas obrigações,continuarão sendo taxadas.
- Desenrola: Caixa renegocia R$ 660,8 milhões em dívidas e atrai mais de 6 milhões de clientes ao site
- Gripe aviária: Agricultura confirma mais um caso em ave silvestre; total sobe para 68
- Índice de gerentes de compras (PMI) industrial da China mostra leve melhora em julho
- Número total de navios na eclusa das Três Gargantas, na China, ultrapassa 1 milhão
- Oitavas da Libertadores 2023: veja os jogos e chaveamento da fase mata-mata
- Desenrola Brasil: R$ 2,5 bilhões de dívidas a menos em duas semanas; veja detalhes
"Fica reduzida para 0% a alíquota do Imposto de Importação incidente sobre os bens integrantes de remessa postal ou de encomenda aérea internacional no valor de até US$ 50, ou o equivalente em outra moeda, destinados a pessoa física, desde que as empresas atendam aos requisitos do programa de conformidade, inclusive o recolhimento do tributo estadual incidente sobre a importação", cita a portaria da Fazenda.
A portaria foi anunciada mais de um mês após o Ministério da Fazenda e a Receita Federal afirmarem que iriam extinguir a isenção para o comércio internacional entre pessoas físicas no valor de atéUS$ 50. O governo defendeu que a regra era usada de forma irregular por varejistas internacionais, como a Shein e a Shopee, que usavam a opção de pessoa física para não pagar impostos.
Uma semana após o anúncio, o governo voltou atrás e afirmou que não iria acabar com a isenção. Haddad, na época, disse que o governo iria criar regras para endurecer o comércio internacional irregular.
Em meio à polêmica, a Shein se reuniu com o governo e assumiu o compromisso deinvestir R$ 750 milhões no Brasil. A varejista passará a produzir 85% de seu portfólio com fabricantes locais e gerar até 100 mil empregos no país em três anos. A previsão é de que uma fábrica do Rio Grande do Norte vai começaria a produzir roupas para vendas na empresa em julho.
O que muda com a nova regra para compras internacionais pela internet
- As empresas que aderirem ao programa da Receita Federal terão o benefício deisenção do imposto de importação para compras de até US$ 50;
- Para compras acima de US$ 50, nada muda na cobrança de tributos federais.Segue em vigor a tributação de 60% do imposto de importação.
- A declaração de importação e o eventual pagamento dos tributos acontecerá antes da chegada da mercadoria.
- O vendedor é obrigado a informar ao consumidor a procedência dos produtos e o valor total da mercadoria (com inclusão dos tributos federais e estaduais).
- A portaria da Receita Federal não muda as regras de tributação estadual. Os estados definiram uma alíquota de17% de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)para as compras feitas em lojas online de varejistas internacionais.
- As regras atuais, com isenção de imposto de importação de 60% para remessas entre pessoas físicas, continuam.
Vou pagar mais na Shein e na Shoppe com a nova regra do governo?
Os consumidores das principais varejistas online podem sentir mudanças nos preços finais com a nova portaria.
Para as compras abaixo de US$ 50, apesar da isenção da taxa de importação, a cobrança do ICMS, com alíquota de 17% deve impactar nos preços. A cobrança não acontecia em muitos casos pela falta de fiscalização, o que vai mudar com os cadastros das empresas na Receita Federal.
Nas compras acima de US$ 50, o consumidor pode sentir diferença no preço mesmo sem aumento de impostos. Com as regras de conformidade, a possibilidade de sonegação diminui, de forma que empresas que antes usavam artifícios para driblar a cobrança, não conseguirão mais fazê-lo.
Quanto a isenção vai custar ao governo?
A Receita Federal estima que a isenção de imposto para compras internacionais de até US$ 50 provocará uma perdade arrecadação de R$ 35 bilhões entre 2023 e 2027,média de R$ 7 bilhões por ano. Os números constam em nota técnica do órgão disponibilizada via Lei de Acesso à Informação (LAI).
O Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros (Cetad) da Receita calculou que a perda estimada, em valores arredondados, é de:
- R$ 2,874 bilhões em 2023
- R$ 6,512 bilhões em 2024
- R$ 7,416 bilhões em 2025
- R$ 8,470 bilhões em 2026
- R$ 9,661 bilhões em 2027
O potencial em 2023 não é exato, uma vez que a área técnica da Receita considerou os meses de julho a dezembro - a portaria do Ministério da Fazenda estabelece que a isenção começa no dia 1º de agosto. O cálculo utilizou informações sobre a quantidade de remessas postais e do frete e das remessas expressas, referentes ao ano de 2022, agrupados por faixas de valor em dólar, produzidas pelos Correios e pela Receita Federal, encaminhados ao Centro de Estudos pela Coordenação Geral de Administração Aduaneira (Coana).
Varejo projeta perda de R$ 12 bilhões em arrecadação só em 2023 e 2,5 milhões de demissões
Opresidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, se reuniram com ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e afirmaram que a isenção poderá causar até 2,5 milhões de demissões.
Segundo o levantamento, o varejo demitiria 2 milhões de trabalhadores até o fim do ano; e a indústria, 500 mil. As entidades pediram a retomada da taxação dessa faixa de compra, para evitar prejuízos à economia egarantir isonomia entre os produtos importados e os produtos nacionais.