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Ironia capitalista: é preciso pagar para ver túmulo de Marx

Reportagem do Wall Street Journal destaca indignação de marxistas com cobrança de ingresso para visitar cemitério londrino onde o filósofo está enterrado

Túmulo de Karl Marx no cemitério Highgate em Londres, no Reino Unido: é preciso pagar para visitar (Duncan Harris/Wikimedia Commons)

João Pedro Caleiro

Publicado em 27 de outubro de 2015 às 15h26.

São Paulo - Karl Marx, pai do socialismo e um dos pensadores mais influentes da história contemporânea, morreu no dia 14 de março de 1883 em Londres , no Reino Unido, onde passou grande parte da sua vida.

Ele está enterrado em Highgate, cemitério privado no norte da cidade onde também estão figuras como a do historiador Eric Hobsbawn e da omancista Mary Ann Evans, que usava o pseudônimo de George Eliot.

Quem quiser visitar estes túmulos tem que pagar 4 libras, ou cerca de 24 reais, como descobriu recentemente o jovem ativista marxista Ben Gliniecki, de acordo com reportagem do Wall Street Journal.

“Pessoalmente, eu acho nojento. Não há nenhuma profundeza de ironia ou do mau gosto a qual os capitalistas não afundem se puderem obter algum dinheiro disso”, disse ele ao jornal americano.

O cemitério é preservado pela entidade Amigos do Highgate, formada em 1975, e recebe cerca de 200 visitantes por dia. A cobrança começou no início dos anos 90 após décadas de vandalismo, reuniões ocultistas e duas tentativas de atentados.

Um dos membros da entidade diz que pessoas reclamam a ele que o filósofo "deve estar rolando no túmulo", mas alega que a taxa significa "redistribuição em ação", já que o dinheiro gerado é aplicado no próprio cemitério.

Apesar dos protestos, Alex Gordon, do conselho de uma instituição marxista de caridade que ajuda a preservar o túmulo, acha que a cobrança se justifica:

“Marx acreditava que o trabalho deveria ser recompensado, ele não acreditava que você chegaria a uma sociedade sem classes simplesmente se recusando a pagar pelas coisas. Vamos colocar assim: ele não era um hippie", diz ele ao jornal.

História

É possível argumentar que a ironia começou quando Marx rejeitou a opção pública e escolheu comprar um espaço em um cemitério privado para ficar ao lado da sua mulher Jenny, enterrada lá dois anos antes.

Nos anos 20, o governo soviético solicitou que o corpo fosse exumado e transferido para seu território - sem sucesso.

O túmulo costumava ficar em outro ponto do cemitério e era bem mais modesto. Em 1956, foi o Partido Comunista inglês fez a transferência para o ponto atual e inaugurou o busto de bronze com a mensagem "Trabalhadores do mundo, uni-vos".

O Partido Trabalhista inglês elegeu recentemente como líder Jeremy Corbyn, que se auto-denomina socialista, assim como Bernie Sanders, um dos candidatos às primárias do Partido Democrata nos Estados Unidos.

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São Paulo - Karl Marx, pai do socialismo e um dos pensadores mais influentes da história contemporânea, morreu no dia 14 de março de 1883 em Londres , no Reino Unido, onde passou grande parte da sua vida.

Ele está enterrado em Highgate, cemitério privado no norte da cidade onde também estão figuras como a do historiador Eric Hobsbawn e da omancista Mary Ann Evans, que usava o pseudônimo de George Eliot.

Quem quiser visitar estes túmulos tem que pagar 4 libras, ou cerca de 24 reais, como descobriu recentemente o jovem ativista marxista Ben Gliniecki, de acordo com reportagem do Wall Street Journal.

“Pessoalmente, eu acho nojento. Não há nenhuma profundeza de ironia ou do mau gosto a qual os capitalistas não afundem se puderem obter algum dinheiro disso”, disse ele ao jornal americano.

O cemitério é preservado pela entidade Amigos do Highgate, formada em 1975, e recebe cerca de 200 visitantes por dia. A cobrança começou no início dos anos 90 após décadas de vandalismo, reuniões ocultistas e duas tentativas de atentados.

Um dos membros da entidade diz que pessoas reclamam a ele que o filósofo "deve estar rolando no túmulo", mas alega que a taxa significa "redistribuição em ação", já que o dinheiro gerado é aplicado no próprio cemitério.

Apesar dos protestos, Alex Gordon, do conselho de uma instituição marxista de caridade que ajuda a preservar o túmulo, acha que a cobrança se justifica:

“Marx acreditava que o trabalho deveria ser recompensado, ele não acreditava que você chegaria a uma sociedade sem classes simplesmente se recusando a pagar pelas coisas. Vamos colocar assim: ele não era um hippie", diz ele ao jornal.

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É possível argumentar que a ironia começou quando Marx rejeitou a opção pública e escolheu comprar um espaço em um cemitério privado para ficar ao lado da sua mulher Jenny, enterrada lá dois anos antes.

Nos anos 20, o governo soviético solicitou que o corpo fosse exumado e transferido para seu território - sem sucesso.

O túmulo costumava ficar em outro ponto do cemitério e era bem mais modesto. Em 1956, foi o Partido Comunista inglês fez a transferência para o ponto atual e inaugurou o busto de bronze com a mensagem "Trabalhadores do mundo, uni-vos".

O Partido Trabalhista inglês elegeu recentemente como líder Jeremy Corbyn, que se auto-denomina socialista, assim como Bernie Sanders, um dos candidatos às primárias do Partido Democrata nos Estados Unidos.

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