Economia

Finlândia vai sugerir que UE considere banir importação de carne do Brasil

Irlanda também ameaçou votar contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não respeitar seus "compromissos ambientais"

FRIGORÍFICO: exportações de carne caíram 19% na média diária da semana passada, em decorrência de embargos colocados após a operação Carne Fraca / Ueslei Marcelino/Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)

FRIGORÍFICO: exportações de carne caíram 19% na média diária da semana passada, em decorrência de embargos colocados após a operação Carne Fraca / Ueslei Marcelino/Reuters (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 23 de agosto de 2019 às 10h18.

Última atualização em 23 de agosto de 2019 às 13h12.

O governo da Finlândia, que detém a Presidência rotativa da União Europeia, pediu nesta sexta-feira que o bloco avalie a possibilidade de banir a carne bovina do Brasil devido à devastação causada pelas queimadas na Amazônia.

"O ministro das Finanças, Mika Lintila, condena a destruição da Floresta Amazônica e sugere que a UE e a Finlândia devem considerar urgentemente a possibilidade de banir a importação de carne bovina brasileira", informou o Ministério das Finanças em um comunicado.

Irlanda

O primeiro-ministro da Irlanda ameaçou votar contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não respeitar seus "compromissos ambientais", em meio a críticas ao presidente Jair Bolsonaro pelos incêndios que assolam a Amazônia.

"De maneira alguma a Irlanda votará a favor do acordo de livre comércio UE-Mercosul se o Brasil não cumprir seus compromissos ambientais", declarou o primeiro-ministro Leo Varadkar em um comunicado divulgado na quinta-feira à noite.

Varadkar se disse "muito preocupado porque neste ano houve níveis recordes de destruição por incêndios na floresta amazônica", e considerou que "os esforços do presidente Bolsonaro para culpar ONGs ambientalistas pelos incêndios são orwellianos".

Após 20 anos de negociações, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram recentemente com a UE um Acordo de Associação que inclui seções de diálogo político e comercial.

Os países do bloco europeu ainda devem dar seu aval ao texto para permitir sua entrada em vigor, que deve ter a aprovação da Eurocâmara, um procedimento que pode levar dois anos.

"Ao longo dos dois anos, vamos monitorar de perto as ações ambientais do Brasil", advertiu Varadkar.

Os incêndios na Amazônia tiveram repercussão internacional na quinta-feira, com pedidos da ONU e de líderes mundiais para "proteger" o pulmão do planeta e convocatórias de protestos mundiais.

Afirmando que "nossa casa está queimando", o presidente francês Emmanuel Macron propôs que a "crise internacional" da Amazônia seja uma prioridade na cúpula do G7 neste fim de semana em Biarritz (sudoeste da França).

A chanceler alemã Angela Merkel, por meio de seu porta-voz, também considerou que os incêndios na Amazônia constituem uma "situação urgente" que deve ser discutida durante a cúpula do G7.

Entre janeiro e 21 de agosto, o INPE registrou no Brasil 75.336 foco de incêndio, 84% a mais do que no mesmo período de 2018. Esse número aumentou 2.493 em relação a segunda-feira.

Segundo especialistas, a multiplicação dos incêndios ocorre no âmbito de um rápido avanço do desmatamento na região amazônica, que em julho quadruplicou em relação ao mesmo mês de 2018, segundo dados do INPE.

O acordo UE-Mercosul deve eliminar em 15 anos 91% das tarifas e taxas do Mercosul sobre produtos europeus e a UE fará o mesmo com 92% dos seus em dez anos.

Mas algumas nações europeias, incluindo França, Polônia e Irlanda, expressaram preocupação com o impacto desses acordos em seu setor agrícola. As ONGs também alertaram sobre as consequências para o meio ambiente.

Alemanha

Os incêndios que assolam a Amazônia constituem uma "situação urgente" que deve ser discutida durante a cúpula do G7, declarou nesta sexta-feira, 23, o porta-voz da primeira-ministra Angela Merkel, Steffen Seibert.

A chanceler alemã apoia o presidente francês, Emmanuel Macron, que anteriormente solicitou que a questão fosse discutida no G-7 - o grupo das nações mais ricas formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

"A chanceler está convencida" de que a questão "deve constar na agenda dos países do G-7 quando se reunirem neste fim de semana" em Biarritz, declarou Seibert, em Berlim.

Neste mês, a Alemanha e a Noruega, únicos doares de recursos ao Fundo Amazônia, bloquearam verbas destinadas a ações de combate a incêndios na região amazônica. Os países europeus consideram que o Brasil não está cumprindo acordo contra o desmatamento. A Alemanha cortou financiamento de R$ 155 milhões; enquanto a Noruega, de R$ 133 milhões.

A Organização das Nações Unidas (ONU) também se manifestou.

"No meio da crise climática global, não podemos permitir mais danos a uma fonte importante de oxigênio e biodiversidade", disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

A presidente da Assembleia-Geral, María Fernanda Espinosa, cobrou "ação urgente", e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) defendeu o uso de satélites para monitorar a situação.

Reino Unido

O Reino Unido se mostrou profundamente preocupado com os incêndios na Amazônia, e o premiê, Boris Johnson, irá utilizar a cúpula do G7 para pedir uma renovação no foco à proteção ambiental, informou seu gabinete nesta sexta-feira.

"Os incêndios que assolam a floresta amazônica são desoladores, mas também uma crise internacional. Estamos dispostos a fornecer toda a ajuda que pudermos para controlá-los e ajudar a proteger uma das maiores maravilhas da Terra", tuitou.

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