Inflação: o Ipea lembrou que o IPCA atingiu 9,68% nos últimos 12 meses até agosto (Germano Lüders/Exame)
Da redação, com agências
Publicado em 30 de setembro de 2021 às 15h30.
Última atualização em 30 de setembro de 2021 às 15h36.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) elevou a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2021, que passou de 5,9% para 8,3%. O instituto informou que a inflação segue pressionada pela desvalorização cambial, alta dos preços internacionais das commodities e pela crise hídrica.
O resultado fica acima do teto da meta oficial para este ano, de 3,75% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. "Em que pese essa piora no comportamento dos preços administrados e dos alimentos esperada para o ano, a expectativa de um desempenho mais desfavorável dos bens industriais e dos serviços livres também vem contribuindo para a elevação das previsões de inflação para 2021", avaliam os técnicos do Ipea no documento Visão Geral da Conjuntura.
O instituto lembrou que o IPCA atingiu 9,68% nos últimos 12 meses até agosto, ultrapassando o limite da banda inflacionária estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2021 (5,25%).
Já para o ano que vem, o instituto projeta desaceleração, mas ainda fora do centro do objetivo —avanço de 4,1% do IPCA, ante a meta central de 3,5% com margem também de 1,5 ponto.
O Ipea cortou de 2% para 1,8% sua projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) do país em 2022. A previsão para o crescimento do PIB de 2021 foi mantida em 4,8%, a mesma do documento divulgado no fim de junho.
Segundo o Ipea, a estimativa para o PIB de 2022 foi reduzida refletindo a persistência da inflação em patamar elevado, o que impacta o poder de compra das famílias e, consequentemente, resulta em maior aperto monetário. "Além disso, observou-se uma deterioração das condições financeiras das famílias, com o aumento de seu endividamento", informa.
O Ipea reduziu principalmente a previsão para o PIB de serviços de 2022, que passou de alta de 2,2%, anteriormente divulgado, para avanço de 1,9%. Apesar do número menor, destaca que o setor de serviços segue o avanço na campanha de vacinação tem apresentado resultados positivos e ajudado atividades que dependem de interação presencial.
Também pelo lado da oferta, houve redução na previsão do PIB da indústria no ano que vem, que passou de alta de 1,5% para avanço de 1,2%. A expectativa para o PIB agropecuário, contudo, foi elevada de 2% para 3,4% pelos técnicos do instituto, refletindo uma menor base de comparação deste ano, marcado por impactos de eventos climáticos sobre a safra.
Os técnicos do Ipea destacaram ainda que o crescimento robusto do setor agropecuário e o aumento da disponibilidade de caixa dos governos estaduais — que poderá ser utilizado para ampliar os investimentos — contribuíram para que a revisão do PIB para o próximo ano tenha sido "pouco significativa". A expectativa é que o consumo do governo cresça 2% em 2022.
Segundo o Ipea, o PIB deverá crescer 0,2% no terceiro trimestre deste ano frente aos três meses imediatamente anteriores, pela série dessazonalizada. Conforme as projeções do Ipea, pela ótica da demanda, o consumo das famílias será o motor dessa alta.
Esse componente deverá crescer 1,9% no terceiro trimestre, frente aos três meses anteriores.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), por sua vez, deverá mostrar queda de 2,8% no período. O consumo do governo avançaria 2,9%.
No lado da oferta, os serviços devem ficar em campo positivo, com avanço de 1,3% frente ao segundo trimestre deste ano, com ajuste sazonal. A indústria geral pode mostrar crescimento de 0 1% no período, enquanto o PIB agropecuário poderá recuar 0,8%, conforme as projeções da área de macroeconomia do Ipea.
Sobre o desempenho da indústria, o Ipea destacou que o "ritmo de crescimento no terceiro e quarto trimestres deverá continuar limitado pelos gargalos no fornecimento de matérias-primas e consequente aumento de custos, além das altas das tarifas de energia".
Quando comparado ao mesmo período do ano passado, o PIB brasileiro pode avançar 4,6% no terceiro trimestre. O resultado mais acentuado tem relação com a baixa base de comparação.
Com Estadão Conteúdo.