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IPCA sobe para 0,59%, mas não deve mudar ritmo de queda da Selic

Para economistas, repique da inflação era esperado e não deve comprometer a trajetória de corte dos juros

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h30.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA - referência oficial para a meta de inflação) acelerou em janeiro para 0,59%, contra os 0,36% de dezembro. O repique já era esperado pelos economistas. No último relatório de mercado do Banco Central, por exemplo, a média das instituições consultadas projetava um IPCA de 0,55% para o mês. Para os especialistas, o repique dos preços tende a arrefecer nos próximos meses e, por isso, não deve alterar o ritmo de queda da taxa básica de juros (Selic).

"Não há motivos para que o BC reduza o ritmo para 0,5 ponto percentual", afirma Zeina Latif, economista do ABN Amro Real. Ela acrescenta que a própria autoridade monetária já indicava, em seu último relatório trimestral de inflação, que esperava maior pressão dos preços no início do ano, devido à sazonalidade de alguns componentes, como a educação. "As projeções do próprio BC já incorporam uma gordura para ser queimada nos primeiros meses", diz.

José Carlos Gomes, economista da Federação do Comércio do Rio de Janeiro, concorda. Segundo ele, as perspectivas para o primeiro trimestre são positivas, apesar do resultado de janeiro. A Fecomércio-RJ estima que a inflação encerre o trimestre um pouco acima de 1%, desempenho inferior ao 1,3% projetado pelo BC. Com o aumento da periodicidade das reuniões do Comitê de Política Monetária do BC, o próximo encontro ocorrerá em março, quando o cenário econômico estiver mais maturado. "Tudo indica que o Copom deve manter a trajetória de corte de juros e, mais uma vez, baixar a Selic em 0,75 ponto", diz.

Pressão passageira

Em janeiro, o IPCA foi pressionado sobretudo pelo item transportes, que contribuiu com 22% da inflação apurada no período. Sozinho, esse item subiu 1,52%, puxado pelo aumento do álcool combustível e pelo reajuste de tarifas de ônibus urbanos.

Às vésperas do início do ano letivo, o item educação também subiu 0,57%, com peso de quase 5% sobre a composição do IPCA. Para Zeina, do ABN Amro Real, a educação continuará pesando no índice de fevereiro, mas a pressão dos combustíveis tende a desaparecer, fazendo a inflação recuar. Segundo o último relatório de inflação do BC, os bancos consultados esperam um IPCA de 0,46% em fevereiro. Para o ano, a expectativa é de 4,66%.

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