Economia

IPCA sobe menos do que o esperado em março, diz IBGE

O índice de preços foi beneficiado pela desaceleração no grupo Educação, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Foi a menor taxa desde julho de 2011, segundo o IBGE (Stock Exchange)

Foi a menor taxa desde julho de 2011, segundo o IBGE (Stock Exchange)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2012 às 17h13.

Rio de Janeiro - O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu menos do que o esperado em março ao registrar alta de 0,21 por cento, a menor desde julho de 2011, beneficiado pela desaceleração no grupo Educação, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

Foi a menor taxa desde julho de 2011 e, de acordo com o IBGE, o segundo menor março desde o início do Plano Real, em 1994, perdendo apenas para março de 2009 (0,20 por cento). Em fevereiro deste ano, o índice subiu 0,45 por cento.

No acumulado de 12 meses até março, o IPCA avançou 5,24 por cento, desacelerando dos 5,85 por cento até fevereiro. A taxa foi a menor desde outubro de 2010, quando estava em 5,20 por cento.

No trimestre, o IPCA acumulou alta de 1,22 por cento, a metade da elevação de 2011 e a menor taxa para o período desde 2000, quando foi de 0,91 por cento.

Analistas ouvidos pela Reuters previam que o indicador teria alta de 0,36 por cento em março, segundo mediana das previsões, que variaram entre 0,30 a 0,40 por cento.

"O que se observa é um patamar de inflação este ano menor do que no começo de 2011. Isso se deve à pressão menor das commodities. O perfil deste ano é mais suave", analisou a economista do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.

Para a economista chefe da Icap Brasil, Inês Filipa, o resultado apresentado em março não é uma tendência, pois o índice deixará, por exemplo, de sentir nos próximos meses o impacto das liquidações de roupas.

"O número foi bastante surpreendente. Alimentação veio mais fraco do que eu estimava e Vestuário mostrou deflação quando eu previa alta", avaliou a economista, que esperava alta de 0,32 por cento.

O economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano, concorda.

"Há um efeito positivo de desinflação no primeiro semestre deste ano, mas o viés é claramente de aceleração da inflação a partir do segundo semestre do ano", avaliou ele, destacando que o resultado deve reforçar a confiança do Banco Central no cenário de desaceleração de inflação.

Em abril, o IPCA sofrerá o impacto de aumentos em táxi, metrô e energia elétrica no Rio de Janeiro, tarifa de água e esgoto em Curitiba e pelo aumento de até 5,85 por cento dos remédios em todo o país anunciado pelo governo.


Setores

Segundo o IBGE, o grupo Educação registrou alta de 0,54 por cento em março, com impacto de apenas 0,02 ponto percentual, depois de ter subido 5,62 por cento em fevereiro, com um impacto de 0,25 ponto.

"O ponto fundamental foi Educação, que tem uma alta sazonal em fevereiro e em março sobra apenas um resíduo", explicou a economista do IBGE.

Tirando Alimentação e Bebidas (que passou para 0,25 por cento, ante 0,19 por cento) e Transportes (que subiu para 0,16 por cento, depois de queda de 0,33 por cento), os demais grupos apresentaram resultados inferiores aos registrados no mês anterior.

Dentro da classe dos Alimentos, itens importantes como frutas, pescados, óleo de soja, ovo, pão francês e leite subiram em março. "Nesse período pré-Páscoa há mais consumo de peixes, ovos e frutas. São altas sazonais que são esperadas todos os anos", disse Eulina.

Já no grupo Transportes a alta foi concentrada em poucos itens como etanol, gasolina, passagens aéreas e seguro e conserto de veículos.

"O álcool está em período de entressafra, o que reduz a oferta e impacta também a gasolina devido à mistura. As passagens aéreas tiveram uma forte promoção de preços, excepcionalmente", avaliou a economista do IBGE.

O grupo Vestuário mostrou a queda mais expressiva entre os três que registraram variação negativa, passando para -0,61 por cento, antes -0,23 por cento. Segundo o IBGE, a queda do Vestuário deveu-se à maior entrada de importados da China e às liquidações.

Mantega comemora

Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o resultado do IPCA em março mostra que a inflação está sob controle.

Falando a jornalistas ao chegar o ministério pouco depois da divulgação dos números, ele acrescentou que o dado "abre a possibilidade de um crescimento maior (da economia) neste ano".

Sinais de perda de fôlego da inflação já tinham aparecido. O IPCA-15 de março -considerado uma prévia da inflação oficial- subiu 0,25 por cento, mostrando uma forte desaceleração ante a alta de 0,53 por cento registrada em fevereiro. O resultado veio bem abaixo das expectativas do mercado.

Com os preços perdendo força, o Banco Central vem implementando uma política monetária mais branda, tendo reduzido a Selic -hoje em 9,75 por cento ao ano- em 2,75 pontos percentuais desde agosto passado.

E deve continuar reduzindo, já que a própria autoridade monetária deixou claro que pretende levar a taxa básica de juros do país a patamares "ligeiramente" acima dos níveis históricos, de 8,75 por cento.

Acompanhe tudo sobre:ConsumoEstatísticasIBGEIndicadores econômicosInflaçãoIPCAPreços

Mais de Economia

Petrobras anuncia aumento de preço da gasolina e gás de cozinha

Boletim Focus: mercado volta a subir projeção da inflação de 2024 e 2025

Plano Real, 30 anos: Como a inflação no Brasil passou de 1000%? Veja 1º episódio da série da EXAME

Mais na Exame