IPCA de julho tem maior alta em quase 20 anos e encosta em 9% em 12 meses
No acumulado de 12 meses até julho, o IPCA teve alta de 8,99 por cento, contra alta 8,35 por cento do mês anterior
Reuters
Publicado em 10 de agosto de 2021 às 09h04.
Última atualização em 10 de agosto de 2021 às 13h46.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampl o (IPCA) subiu 0,96 por cento em julho, após alta de 0,53 por cento no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,96% em julho depois de avançar 0,53% no mês anterior, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Essa foi o maior resultado para um mês de julho desde 2002, quando a alta foi de 1,19%.
Em 12 meses, a taxa acumulada até julho foi a 8,99%, de 8,35% em junho, indo muito além do teto da meta oficial para este ano -- inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. O dado também o mais elevado desde os 9,32% atingidos em maio de 2016.
“O mês de julho teve muita influência de energia, combustíveis, monitorados e alimentos. Foi uma alta com várias causas", explicou o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.
"A alta de combustíveis e energia pesou muito no orçamento das famílias ao longo dos últimos meses, além da alta das carnes de mais de 34%. São os principais motivos para a trajetória (da inflação em 12 meses“, completou.
Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters de altas de 0,94% na comparação mensal e 8,98% na base anual.
O destaque em julho foi mais uma vez a energia elétrica, que disparou 7,88% no mês de 1,95% em junho. Isso é consequência dos reajustes tarifários de 11,38% em São Paulo, de 8,97% em Curitiba (11,34%), e de 9,08% em uma das concessionárias de Porto Alegre (8,02%).
“Além dos reajustes nos preços das tarifas em algumas áreas de abrangência do índice, a gente teve o reajuste de 52% no valor adicional da bandeira tarifária vermelha patamar 2 em todo o país", destacou Almeida
Com isso, a maior elevação entre os grupos de produtos e serviços pesquisados foi em Habitação, de 3,10% em julho contra 1,10% no mês anterior.
Dos nove grupos, oito tiveram alta no mês, sendo o segundo maior impacto no índice de Transportes, com aumento de 1,52% dos preços -- nesse caso, as passagens aéreas passaram a subir 35,22% depois da queda 5,57% em junho. Os preços dos combustíveis também aceleraram o avanço a 1,24% de 0,87% em junho, com alta da gasolina de 1,55%.
A inflação de alimentos também ficou mais forte, chegando a 0,60% em julho de 0,43% em junho, com a alimentação no domicílio passando de 0,33% para 0,78% em julho, principalmente por conta das altas do tomate (18,65%), do frango em pedaços (4,28%), do leite longa vida (3,71%) e das carnes (0,77%).
A inflação de serviços, que também levanta preocupações diante da reabertura do setor após as medidas de contenção ao coronavírus, ficou mais forte, atingindo 0,67% de 0,23% antes.
Diante das pressões inflacionárias, na semana passada, o BC subiu a dose do aperto monetário ao adotar uma alta de 1 ponto percentual na Selic, a 5,5% ao ano, já indicando outro aumento de igual magnitude na próxima reunião do colegiado, em setembro.
Nesta terça, em ata desse encontro, o BC indicou que apertos seguidos e sem interrupção nos juros básicos são necessários para levar a taxa Selic para patamar acima do neutro, para que assim as projeções de inflação fiquem na meta.
De acordo com indicações do próprio BC, a taxa neutra estaria por volta de 6,5%. A autoridade monetária ainda reiterou sua visão sobre a continuidade da pressão sobre bens industriais, mencionando a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos.