Inflação salta 0,43% em fevereiro puxada por preços de educação, diz IBGE
Avanço do IPCA foi o mais elevado desde outubro (+0,45%) e o mais forte para o mês em três anos
Reuters
Publicado em 12 de março de 2019 às 09h08.
Última atualização em 12 de março de 2019 às 10h28.
Os preços de Educação pressionaram em fevereiro em um movimento sazonal e a inflação oficial do Brasil acelerou a alta no mês, mas ainda assim o cenário é de preços benignos neste ano com a alta em 12 meses abaixo do centro da meta do governo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu em fevereiro 0,43 por cento, após 0,32 por cento no primeiro mês do ano.
O resultado foi o mais elevado desde outubro (+0,45 por cento) e o mais forte para o mês em três anos.
Os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram ainda que, em 12 meses, o IPCA registrou avanço de 3,89 por cento, de 3,78 por cento em janeiro.
Apesar do avanço, o índice permanece abaixo do centro da meta oficial de inflação do governo para 2019, de 4,25 por cento pelo IPCA, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
"A alta do IPCA de fevereiro já era esperada dada a força do grupo Educação, que sempre sobe em meses de fevereiro. É algo que já estava na conta", disse o economista do IBGE Fernando Gonçalves.
Educação acelerou a alta em fevereiro a 3,53 por cento, de 0,12 por cento no mês anterior. O avanço reflete os reajustes realizados no início do ano letivo, pressionado principalmente pela alta de 4,58 por cento nas mensalidades dos cursos regulares, maior impacto individual sobre o IPCA do mês (0,15 ponto percentual).
Ainda assim, a taxa de variação de Educação foi a mais fraca desde 2008 (3,47 por cento), devido à fraqueza do cenário inflacionário mas também da demanda.
"As mensalidades carregam normalmente a inflação anterior, mas tem o fator demanda também. Muitas escolas particulares estão segurando os aumentos para reter os alunos, já que em anos anteriores houve uma fuga para escolas públicas", completou Gonçalves.
Alimentação e Bebidas, por outro lado, desacelerou a alta em fevereiro a 0,78 por cento, de 0,90 por cento antes, mas ainda assim exerceu o maior impacto no IPCA devido a seu peso.
"O movimento de aceleração de janeiro para fevereiro foi liderado pelo grupo Educação, embora o impacto dos alimentos tenha sido maior. Como o peso é maior dos alimentos, eles tiveram uma participação maior na taxa final", explicou Gonçalves.
As perspectivas para a inflação em 2019, mesmo com a pressão maior no início do ano, permanecem confortáveis, com um ritmo moderado de crescimento econômico e a lenta recuperação do mercado de trabalho no Brasil contendo altas mais contundentes de preços.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central realizada junto a uma centena de economistas mostra que a expectativa para este ano é de uma inflação de 3,87 por cento, indo a 4,00 por cento em 2020.
O BC vem indicando que só a lenta atividade econômica e a inflação bem comportada não são suficientes para abrir espaço para eventual queda da taxa básica de juros, estacionada há quase um ano na mínima histórica de 6,5 por cento ao ano.
O novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já sinalizou que deve manter a atual postura do BC na condução da política monetária ao pontuar que cautela, serenidade e perseverança são valores que devem ser preservados.
Veja detalhes na variação mensal (%):