Economia

IPCA de dezembro supera expectativa do mercado

Resultado acima das projeções pode ser o dado que faltava para definir tamanho do ajuste da Selic na próxima semana. IPCA tem alta de 7,6% em 2004

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h53.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou 7,6% em 2004, 0,4 ponto percentual abaixo do teto de tolerância fixado pelo Banco Central (BC) e 2,1 pontos superior ao centro da meta. "Será o quinto ano de seis em que não cumprimos a meta auto-imposta", afirma Dalton Gardimam, economista-chefe do Banco Calyon. "É inegável que a inflação ainda continua alta, daí a razão para esquecer que os juros possam baixar tão cedo." Gasolina, telefone fixo e energia elétrica foram responsáveis por 1,51 ponto percentual do IPCA no ano passado. Em 2003 o IPCA, que serve de referência ao sistema de metas de inflação, registrou 9,3%.

O IBGE explica o resultado do ano à luz da alta nos preços internacionais do petróleo, que levou a três reajustes da gasolina nas refinarias durante 2004. O IBGE também cita aumentos sucessivos, iniciados no final de 2003, de itens como aço, ferro e resinas plásticas, e os reajustes de tarifas de energia elétrica (9,64%) e telefone fixo (14,76%).

As influências positivas ficaram por conta da boa oferta de produtos agrícolas e à valorização do real frente ao dólar (boa para a inflação, ruim para os exportadores). Aliado ao aumento da safra, que fez, por exemplo, o preço do arroz cair 17,14%, o câmbio favoreceu a queda do custo de produtos vinculados ao mercado internacional, como óleo de soja (-11,27%). Outro fenômeno que favoreceu o resultado foi a falta de reajuste de tarifas de transporte público em algumas das regiões pesquisadas.

Em dezembro a inflação ficou em 0,86%, ante 0,69% em novembro. O mercado projetava uma inflação de 0,78%. "No fundo não é nada tremendamente diferente, mas servirá como um elemento adicional àqueles mais pessimistas em relação à atitude do Copom na próxima quarta-feira", diz Gardimam. No dia 19 de janeiro, o Comitê de Política Monetária anuncia o novo patamar da Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em 17,75%.

Ainda assim, o economista avalia que o ciclo de aperto monetário iniciado em setembro de 2004 está nos últimos estágios. "Creio que mais 0,25 ponto percentual seria importante para sinalizar que o fim está próximo, no bom sentido, e deixaria espaço para mais uma alta em fevereiro de igual tamanho."

O resultado de dezembro foi alimentado principalmente pela alta de 5,06% da gasolina. Nos três últimos meses o litro da gasolina subiu 9,31%, e o do álcool combustível, 20,36%. Segundo o IBGE, o avanço dos preços das carnes (3,55%) foi o segundo maior impacto no resultado mensal.

INPC

Em 2004, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulou uma variação de 6,13%, com alta de 2,92% dos alimentos e 7,56% dos não alimentícios. Ou seja, os preços para os produtos mais consumidos pelas famílias de renda mais baixa subiram menos que para a média da população brasileira. Em 2003, o INPC teve alta de 10,38%.

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