IPC: até a semana passada, a instituição trabalhava com um número em torno de 0,5% para a inflação no último mês do ano (Bruno Domingos/Reuters)
Da Redação
Publicado em 26 de dezembro de 2012 às 13h58.
São Paulo - O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) deve desacelerar até o fim de dezembro, mas de maneira pouco intensa e incapaz de motivar comemorações.
Em entrevista à Agência Estado, o economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz afirmou que o indicador tende a encerrar o mês com uma taxa acima de 0,6% e abaixo do nível na terceira quadrissemana, quando apresentou variação de 0,73%. Até a semana passada, a instituição trabalhava com um número em torno de 0,5% para a inflação no último mês do ano.
Para o economista, o grande fator de resistência para o IPC-S é o comportamento do grupo Alimentação. Na terceira quadrissemana de dezembro, o conjunto de preços apresentou avanço de 1,31%, maior do que o porcentual de 1,23% da segunda leitura do mês.
De acordo com Braz, o IPC-S poderia ter sido maior na quadrissemana se outras classes de despesas não tivessem amenizado a pressão da Alimentação. "Um dos exemplos é a Habitação, que desacelerou 0,10 ponto porcentual (de 0,74% para 0,64%) da medição anterior para cá."
Dentro de Alimentação, o economista observou que o cenário é desfavorável ao consumidor, especialmente para os itens in natura. Entre a segunda e a terceira quadrissemana do mês, a elevação no preço de Hortaliças e Legumes passou de 0,64% para 2,88%. "A cesta de produtos em alta dentro deste segmento é grande", comentou, chamando atenção para o tomate, cujo avanço passou de 8,89% para 14,93% no período.
Fora Hortaliças e Legumes, outros preços de itens importantes também mereceram destaque e, segundo Braz, não dão sinais de que mudarão de comportamento. Dois exemplos são o feijão e o arroz. De acordo com a FGV, o preço do feijão carioquinha subiu 1,70% na terceira quadrissemana ante variação positiva de 0,55% na segunda quadrissemana. O valor médio do feijão preto, por sua vez, apresentou elevação de 1,96%, menor que a de 2,25% da segunda medição do mês, mas ainda em um nível pouco animador. Quanto ao arroz, o aumento foi de 1,07% ante alta de 1,14%.
"O arroz e o feijão estão definitivamente mais caros", avaliou Braz. "E são produtos de alto consumo e baixa substituição", disse.
Em relação às carnes, o cenário também não é dos melhores nesta reta final de dezembro. Entre as bovinas, o avanço passou de 1,22% para 1,70% da segunda para a terceira quadrissemana do mês. Quanto ao frango, a alta da ave inteira passou de 2,66% para 3,05%, reforçando a tendência sazonal de aumento nas festas de fim de ano.
Para Braz, o que pode aliviar um pouco a taxa de inflação geral no fim do mês é a provável continuidade da desaceleração de Habitação. Ele lembrou que um item importante que ajudou a amenizar a alta do grupo foi o de tarifa de eletricidade residencial, cuja variação positiva passou de 2,10% para 1,55% na terceira quadrissemana.
Em contrapartida, um grupo que pode continuar a pressionar o IPC-S é o de Despesas Diversas, em função do aumento recente nos preços dos cigarros. Entre a segunda e a terceira quadrissemana de dezembro, a elevação do grupo passou de 0,86% para 1,24%, depois de um avanço de 2,07% para 3,12% por parte dos cigarros no âmbito do indicador de inflação a FGV.