Economia

Mulheres e celulares podem ajudar crescimento da África

Segundo especialistas, investir em celulares pode ajudar a levar serviços financeiros aos 80% de mulheres africanas que não têm conta em banco


	Ngozi Okonjo-Iweala: “não se trata só de dar poder às mulheres, trata-se de crescimento econômico”, disse
 (Joshua Roberts)

Ngozi Okonjo-Iweala: “não se trata só de dar poder às mulheres, trata-se de crescimento econômico”, disse (Joshua Roberts)

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Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2014 às 15h20.

Nairóbi - A tecnologia dos telefones celulares pode ajudar a levar serviços financeiros aos 80 por cento de mulheres africanas que não têm conta em banco e impulsionar o crescimento do continente mais pobre do mundo, afirmou a ministra da Fazenda da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, nesta segunda-feira.

Okonjo-Iweala estava entre uma dezena de líderes governamentais, financeiros e empresariais que se reuniram em Nairóbi nesta segunda-feira para debater um plano para disponibilizar serviços financeiros para mais africanas pobres.

“Não se trata só de dar poder às mulheres, trata-se de crescimento econômico”, disse Okonjo-Iweala, co-presidente honorária do recém-formado Conselho Consultivo da África, da instituição de caridade norte-americana Women's World Banking.

“A menos que facilitemos o acesso às finanças para as mulheres em seus negócios, estaremos desperdiçando uma porção significativa do crescimento em nossas economias”.

Ela citou um estudo da empresa de contabilidade Ernst & Young que mostra que 75 por cento do poder de consumo estará nas mãos das mulheres até 2028.

As mulheres também têm a reputação de serem melhores que os homens para pagar empréstimos e poupar dinheiro, dizem os especialistas.

Na Nigéria, 73 por cento das mulheres jamais usaram qualquer produto financeiro, de acordo com o Women's World Banking. Em vez disso, elas contam com grupos de poupança tradicionais, nos quais um cobrador recolhe seus ganhos diários.

O Women's World Banking trabalhou com o Diamond Bank da Nigéria no desenvolvimento de uma conta de poupança piloto chamada Beta –ou ‘Better’ (melhor) na pronúncia do inglês local– para chegar a este mercado imenso e inexplorado.

Representantes de vendas vão aos mercados a céu aberto da cidade de Lagos todos os dias, em vez de esperar que os clientes procurem o banco. Usando seus celulares, em poucos minutos eles abrem contas de poupança para comerciantes ocupados.

Eles também vão às barracas de seus clientes do mercado para recolher dinheiro que estes querem depositar em suas contas, da mesma maneira que aqueles que administram grupos de poupança informais visitam seus membros.

Os depósitos são confirmados por SMS.

Em seu primeiro ano, mais de 132 mil pessoas que nunca haviam tido uma conta bancária abriram contas Beta.

“Acho que a tecnologia irá nos ajudar a fazer isso em grande escala”, afirmou Okonjo-Iweala.

O Quênia é um dos líderes africanos graças a seus serviços financeiros baseados em celulares, mas lá ainda existe uma grande lacuna entre os gêneros – 53 por cento das mulheres usam serviços financeiros formais, em comparação aos 71 por cento de homens, segundo os especialistas.

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