Economia

Indústria têxtil enfrenta falta de costureiras

Déficit de costureiras qualificadas, a mão de obra básica, chega a 250 mil trabalhadores

Cadeia têxtil e da confecção emprega 1,7 milhão de trabalhadores, mas não consegue preencher todas as vagas (foto/Reprodução)

Cadeia têxtil e da confecção emprega 1,7 milhão de trabalhadores, mas não consegue preencher todas as vagas (foto/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.

São Paulo - A indústria têxtil e da confecção vive o melhor momento dos últimos cinco anos, apesar da invasão dos importados. Sustentada pelo crescimento do emprego e da massa de salários que garantem o aumento do consumo de artigos de vestuário, a produção do setor está a todo vapor.

A cadeia têxtil e da confecção emprega 1,7 milhão de trabalhadores, mas não consegue preencher todas as vagas. Nas contas da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), há um déficit de costureiras qualificadas, a mão de obra básica, de 250 mil trabalhadores.

De janeiro a abril, o saldo de empregos gerados no setor foi de 36.161 postos de trabalho. É mais que o triplo do saldo de vagas registrado no ano inteiro de 2009 (11.844). Surpreso com o atual desempenho, Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit, refez as projeções para o emprego neste ano. A expectativa inicial era de que, entre abertura e fechamento, o ano encerrasse com 40 mil novos postos de trabalho nas tecelagens e confecções. Agora ele projeta 60 mil. "Estou há 40 anos no setor e não me lembro de nada parecido."

Os preparativos para a Copa, a coleção outono/inverno e o crescimento da economia explicam o aquecimento das confecções, diz a presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco e da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados, Eunice Nunes. Ela confirma a falta de costureiras e diz que desde os anos 90 não vê o mercado tão agitado.

Eunice observa que a escassez de costureiras qualificadas reflete a evolução tecnológica do setor, que usa máquinas mais sofisticadas, e o desinteresse da nova geração. "As jovens não têm atração pela função de costureira", atesta o gerente de Tecnologia da Abit, Silvio Napoli.

O diretor comercial da confecção Ideal Work, Antonio Augusto Rodrigues, ressalta que a atividade tem caráter depreciativo para muitas pessoas. "A própria filha da costureira não quer ser costureira, mas estilista", afirma o empresário, que produz uniformes para grandes companhias e enfrenta problemas de mão de obra. A estilista é a profissional que cria a coleção e tem uma remuneração bem superior à da costureira. Nos últimos seis meses, o salário das costureiras subiu entre 10% e 15%, diz Rodrigues. "Nem pagando a gente encontra os profissionais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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