Economia

Indústria, comércio e sindicatos criticam alta dos juros

O aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, para 12,25% ao ano, foi "muito mal recebido" pelo setor produtivo

Para setores produtivos, fato de a economia já apresentar desaceleração depõe contra decisão do Copom (Luiz Fernando Oliveira de Moraes/Wikimedia Commons)

Para setores produtivos, fato de a economia já apresentar desaceleração depõe contra decisão do Copom (Luiz Fernando Oliveira de Moraes/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2011 às 14h05.

São Paulo - O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, disse, em nota, que o aumento de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic, para 12,25% ao ano, foi "muito mal recebido" pelo setor produtivo, uma vez que a economia já mostra sinais de desaceleração. "Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da (produção) brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram", afirmou.

Skaf questionou os motivos que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a elevar os juros mais uma vez e afirmou que a decisão prejudica as contas públicas, atrai capital estrangeiro especulativo, sobrevaloriza a moeda e diminui a competitividade da indústria nacional. "Tenho certeza que a sociedade brasileira também não compreendeu as razões desse aumento inadequado e inoportuno, que prejudica todo o País", afirmou.

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Abram Szajman, considerou a decisão do Copom uma "ação exageradamente conservadora". Em nota, ele afirmou que há uma clara tendência de desaceleração da economia e da inflação.

"O comportamento do governo federal, aliado às atitudes conservadoras do Banco Central, só faz atrair capital especulativo em demasia", afirmou Szajman, na nota. "Apenas com uma forte dose de vontade política o País vai se livrar dos tempos de taxas de juros extremamente elevadas e, ao mesmo tempo manter a economia crescendo a um ritmo adequado e a inflação dentro da meta."

Szajman também disse que o excesso de gasto público canibaliza os efeitos de uma taxa de juros elevada. "Isso é preocupante, pois não percebemos esforços para aumentar a eficiência da máquina pública, nem ao menos reduzir seus gastos", afirmou. "Se o Banco Central faz política monetária olhando para o futuro, é bom ter em conta que provavelmente as taxas de crescimento da produção e do consumo no segundo semestre vão ficar muito abaixo do potencial de nossa economia. Portanto, é salutar se antecipar e iniciar um ciclo de redução dos juros que hoje são em termos reais os maiores do mundo."

Força Sindical

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, também criticou a decisão do Copom. Em nota, ele classificou a medida como "um grande equívoco", uma vez que a inflação tem dado sinais de desaceleração. Na avaliação dele, o aumento dos juros consumirá recursos que poderiam ser investidos em educação, saúde e infraestrutura.

"O aumento é desnecessário, visto que o cenário econômico está mais favorável, com sinais evidentes de controle inflacionário. Infelizmente, o impacto recai unicamente no setor produtivo, afetando negativamente a atividade e o emprego", afirmou, na nota. "O governo, mais uma vez, atende aos interesses do capital especulativo, com uma clara demonstração de que o espírito conservador continua orientando a política monetária. A alta dos juros é mais uma péssima notícia para quem defende o desenvolvimento nacional."

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