Economia

Índia quer abandonar combustíveis poluentes

Esforço fez com que 20 milhões de pessoas por ano, desde 1990, pudessem substituir madeira ou estrume por combustíveis não sólidos para cozinhar ou se aquecer


	Índia: 85% da população rural ainda depende de estrume e combustíveis tradicionais
 (Wikimedia Commons)

Índia: 85% da população rural ainda depende de estrume e combustíveis tradicionais (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 07h58.

Noida (Índia) - A Índia é o país que mais progrediu nas duas últimas décadas em redução do uso de combustíveis sólidos poluentes, segundo um relatório das Nações Unidas, mas ainda é o mais dependente de fontes de energia arcaicas, como o estrume.

Este esforço fez com que 20 milhões de pessoas por ano, desde 1990, pudessem substituir a madeira ou o estrume por combustíveis não sólidos para cozinhar ou se aquecer, como afirma o estudo da ONU intitulado "Energia sustentável para todos". A conquista é seguida de perto pela China (16 milhões/ano).

No entanto, 700 milhões de pessoas na Índia e pouco mais de 600 milhões na China ainda carecem de fontes de energia como o gás natural.

E há quem prefira as energias poluentes, como Devender Jatana, um trabalhador rural que utiliza sedimentos de vaca para cozinhar e aquecer a humilde casa em que vive com a mulher e os dois filhos perto de Noida, na região de Nova Délhi.

Jatana, de 34 anos, contou à Efe que de janeiro a março ou abril, se o clima ajuda, sua família seca os sedimentos, os separa em placas e os armazena para contar com eles o resto do ano. O motivo de fazer esse trabalho no inverno é porque nos outros períodos a presença de insetos faz com que as placas estraguem.

Apesar de ter acesso ao gás, ele reconhece que prefere este recurso ancestral às energias limpas: "Não gostamos de cozinhar de outra forma, isso é comida pura", afirmou.

"Comemos a comida preparada dessa forma desde a infância, e embora tenhamos gás, o utilizamos apenas quando vem algum conhecido de fora, mas não para nossa comida. Toda a nossa família também prefere assim", disse, cercado por suas vacas e búfalos.

"É o costume de muito tempo atrás, porque os mais velhos da família sempre utilizaram isso, e todas as pessoas do lugar onde crescemos também usam", acrescentou, enquanto percorria sua modesta fazenda, da qual estão cada vez mais próximos os prédios residenciais em construção nesta cidade dormitório da capital indiana.

Um de seus vizinhos, Mohammed Shahabudin, de 53 anos, concorda que embora haja gás na cidade, a maioria das pessoas prefere os excrementos de gado para cozinhar, por isso suas casas estão cercadas de montes dessas placas secas.

"Assim funciona há séculos", ressaltou Shahabudin, que explicou que também é preciso ter cuidado para que este combustível não estrague durante a monção, a época de chuvas no verão.

No entanto, este e outros combustíveis tradicionais, dos quais ainda depende 85% da população rural na Índia, segundo o relatório, são muito mais poluentes do que a princípio parecem.

A fumaça proveniente deles contém partículas prejudiciais para a saúde de quem as respira, com até 3.000 microrganismos nocivos por metro cúbico. São mais poluentes até do que automóveis ou algumas indústrias.

As Nações Unidas advertem que se esses combustíveis antiquados fossem substituídos por botijões de gás ou energia elétrica, melhoraria notavelmente o nível de vida dos trabalhadores rurais, a começar por sua saúde.

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