Comércio em São Paulo: segundo economista-chefe da Rosenberg & Associados, redução era esperada por causa do mercado de trabalho, que continua aquecido (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2013 às 19h39.
São Paulo - Os principais indicadores de inadimplência do País fecharam em queda no primeiro semestre do ano. "A redução era esperada por causa do mercado de trabalho, que continua aquecido, e porque as análises para a concessão de crédito passaram a ser mais criteriosas", disse a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara. A tendência de baixa, segundo ela, vai se manter até o fim do ano.
De acordo com dados da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), o número de novos inadimplentes recuou 2,4% no primeiro semestre ante o mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, houve alta de 4,1% na exclusão do total dos registros de inadimplentes, a chamada recuperação de crédito.
"Observamos uma queda na inclusão de pessoas na base de dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito ao mesmo tempo em que observamos um aumento dos casos de exclusão do registro de inadimplentes", disse o diretor de Inovação e Sustentabilidade da entidade, Fernando Cosenza.
Isso ocorreu, explicou, porque, de um lado, os bancos e as lojas passaram a ser mais criteriosos para a concessão de crédito, como afirmou Thaís, e, de outro, as famílias também sentiram o prejuízo de estar com o nome sujo, buscando, portanto, renegociar as dívidas.
"Estamos sentindo o resultado dessa política de maior rigor no processo de concessão de crédito e maior cuidado das famílias na hora de se endividar." Para Cosenza, o cenário se deve à manutenção das condições de emprego e renda e à queda dos juros, verificada no cheque especial, empréstimo pessoal e cartão de crédito.
O maior rigor dos bancos pode ser constatado pelo índice de inadimplência no sistema financeiro, que corresponde à participação das operações com atraso superior a 90 dias e que ficou estável, pelo quarto mês consecutivo em maio, em 3,6% do total de crédito, no menor nível desde janeiro de 2012, de acordo com o Banco Central (BC).
A projeção da Boa Vista é que o número de inadimplentes caia 2% em 2013 ante 2012 e que a recuperação do crédito avance 3% na mesma base comparativa. "Neste momento, nada aponta para uma quebra abrupta da renda das famílias que possa mudar essa estimativa."
Dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) também mostraram que a inadimplência recuou. O total de famílias com contas em atraso caiu de 16,4% em maio para 14,6% em junho. Na comparação de junho com o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 5,2 pontos porcentuais, já que a taxa era de 19,8% em 2012.
A assessora econômica da FecomercioSP, Fernanda Della Rosa, disse que também não vê no horizonte deste segundo semestre um fator que possa levar as famílias a se endividar. De acordo com ela, porém, é preciso acompanhar inflação, dólar e mercado internacional. "São essas três variáveis que vão dar uma luz melhor sobre o que vai ocorrer nos próximos meses."
O presidente da Telecheque, José Antônio Praxedes, afirmou que a inadimplência está em ritmo de queda e citou que a taxa em junho ficou em 2,56%, a menor do ano. Ele também não acredita que a tendência seja revertida até o fim do ano, mas se mostra preocupado com 2014. Praxedes vê tendência de desemprego na indústria. "Desemprego está atrelado à inadimplência: quando um sobe, o outro sobe também."