Economia

“Inadimplência ainda é administrável”, diz ministro da SAE

Secretaria pretende iniciar em agosto uma pesquisa qualitativa e quantitativa para mostrar como a classe média gasta e também como vê o crédito

Consumo: hoje, o endividamento, em termos absolutos, concentra-se na classe média, mas em volume de crédito a principal responsável não é ela, segundo Franco (Getty Images)

Consumo: hoje, o endividamento, em termos absolutos, concentra-se na classe média, mas em volume de crédito a principal responsável não é ela, segundo Franco (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2012 às 13h13.

São Paulo* – Para o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE), Moreira Franco, há preocupação do governo em como a classe média está consumindo, mas não se pode dizer que a inadimplência é preocupante. “A inadimplência ainda é administrável, dentro dos padrões internacionais e brasileiro”, disse Franco, no Workshop Mensurando a Classe Média no Brasil, realizado pela FGV.

Em abril, o nível de calotes bateu em 7,6%, maior marca desde setembro de 2009, segundo o Banco Central. 

A secretaria pretende iniciar em agosto uma pesquisa qualitativa e quantitativa para mostrar como a classe média gasta e também como vê o crédito. Hoje, o endividamento, em termos absolutos, concentra-se na classe média, mas em volume de crédito a principal responsável não é ela, segundo Franco. Nos últimos anos, a massa de brasileiros que vai ao crédito aumentou, de acordo com o Ministro.

Hoje há uma inquietação maior nos segmentos de alta renda no Brasil, segundo o Ministro, por causa dos efeitos da crise econômica, mas a expectativa ainda é positiva nas classes mais baixas. São necessárias ferramentas conceituais para formular políticas públicas para evitar o impacto nesses segmentos, segundo Franco.

“A renda dos mais ricos parece ser mais suscetível que a dos mais pobres”, disse Ricardo Paes de Barros, secretário de ações estratégicas – SAE/Presidência da República. O secretário afirmou que em períodos de crise mundial a pobreza no Brasil continuou caindo. “Mas está todo mundo preocupado com educação financeira. As famílias fazem compras e não tem ideia de o que é preço e o que é juros, nossa legislação não obriga a mostrar isso”, afirmou Paes de Barros.

Nova classe média

No final de 2012, cerca de 54% da população brasileira será parte da classe média, segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE). O grupo não é homogêneo – e isso deve ser levado em conta para a elaboração de políticas públicas, segundo Moreira Franco, ministro da Secretaria. 

“A chamada classe média brasileira não é igual, não dá pra criar políticas tendo como critério de decisão as classes alta, média e baixa”, disse Franco. Para o ministro mesmo dentro de cada classe as demandas são muito diferentes e, por isso, as políticas precisam ser customizadas, pois as pessoas não reagem da mesma maneira. 


“É necessário que se busque começar a desenhar uma nova geração de políticas públicas, com uma visão mais respeitosa da clientela”, disse Franco. 

Alemanha-China

Nos últimos anos, no Brasil, os pobres se aproximam dos ricos na mesma medida que a China se aproxima da Alemanha, segundo Ricardo Paes de Barros, secretário de ações estratégicas – SAE/Presidência da República. Enquanto nos 10% mais pobres o crescimento econômico era de cerca de 7% ao ano, a taxa de crescimento dos 10% mais ricos era de 1,5%, metade da média brasileira. 

Isso indica que os 10% mais ricos viviam um crescimento alemão entre os anos 1990 e 2005, ou seja, estavam na metade do mundo que menos cresce. Os pobres, por sua vez, estavam entre os países que mais cresciam no mundo, bem próximos do crescimento chinês. No entanto, a distância entre China e Alemanha é um décimo da distância entre ricos e pobres brasileiros, segundo Paes de Barros. 

Cerca de 30 milhões de pessoas entraram na chamada classe média, segundo Paes de Barros, o que leva a uma mudança na estrutura social brasileira. O critério de definição de classe média da SAE leva em conta a vulnerabilidade, ou seja, o percentual de pessoas que vivem em locais cuja renda per capita caiu abaixo da linha de pobreza em algum momento dos 5 anos subsequentes. 

A Secretaria está pesquisando como e se a opinião das pessoas sobre o papel do Estado muda quando elas mudam de grupo econômico. “A questão no Brasil é em que medida a nova classe média já pensava diferente dos pobres antes de migrar ou se ela pensava igual aos pobres, migrou e passou a pensar diferente”, disse. “Se um conjunto de pessoas vota em um partido e ao mudar de classe resolve mudar de voto, a ascensão social vai mudar a cara do estado. O que ocorreu com o New Deal americano”, disse Paes de Barros. 

Em 2001, a classe média tinha 38% da população brasileira. Em 2009, ela chegou a 48% . O grupo engloba as pessoas com renda familiar per capita entre 291 reais e 1.019 reais. A mediana de renda no Brasil é de pouco mais de 400 reais.

A categoria classe média é subdividida em baixa classe média, com renda entre 292 e 441 reais; média classe média, formada por uma renda per capita de 442 a 641 reais, e alta classe média com renda entre 642 e 1.019 reais.

* A matéria foi atualizada às 13:10 para o acréscimo de informações

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