Economia

Importação deve anular contribuição do setor externo no PIB

A menor contribuição do setor externo é mais uma notícia ruim que a economia brasileira carrega para 2017

Importações: "Com a atividade econômica voltando, deve haver um crescimento das importações, reduzindo o saldo da balança comercial" (Arquivo/AFP)

Importações: "Com a atividade econômica voltando, deve haver um crescimento das importações, reduzindo o saldo da balança comercial" (Arquivo/AFP)

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Reuters

Publicado em 26 de outubro de 2016 às 17h40.

Última atualização em 26 de outubro de 2016 às 17h56.

São Paulo- A contribuição do setor externo deverá ser nula ou até mesmo negativa para o crescimento da economia brasileira no ano que vem diante da expectativa de retomada das importações, revertendo uma tendência vista nos últimos dois anos e que ajudou a amortecer parte da recessão vivida pelo país.

A menor contribuição do setor externo é mais uma notícia ruim que a economia brasileira carrega para 2017, quando já se espera baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

"Num momento de reação muito modesta da demanda doméstica, a menor contribuição do setor externo não é positiva para a economia", afirmou a economista da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro.

"Se tivéssemos uma contribuição maior do setor externo, especialmente via aumento de exportações, isso poderia ajudar mais a atividade econômica e, consequentemente, o emprego", disse.

Em 2017, o crescimento do PIB estimado pela consultoria de 1,5 por cento terá ajuda de apenas 0,2 ponto porcentual do setor externo e de 1,3 ponto porcentual da demanda doméstica.

Neste ano, na retração do PIB esperada pela Tendências de pouco mais de 3 por cento, o setor externo deve contribuir positivamente com 2,3 ponto porcentual, mas o mercado doméstico, afetado pelo fraco consumo e elevado desemprego, deve anular totalmente esse ganho, com queda de 5,5 ponto porcentual.

Na projeção feita pelo banco Itaú, o avanço esperado de 2 por cento para o PIB em 2017 deverá ser impulsionado somente pela demanda doméstica, com contribuição de 2,5 ponto porcentual. Na contramão, o setor externo deverá varrer parte deste ganho com queda de 0,5 ponto porcentual.

"Com a atividade econômica voltando, deve haver um crescimento das importações, reduzindo o saldo da balança comercial", afirma o economista do banco Itaú Rodrigo Miyamoto.

Segundo o banco, pela métrica do PIB, a importação vai ter crescimento de 4 por cento no ano que vem, enquanto que a exportação deve avançar num ritmo menor, de 1,2 por cento.

O aumento da importação deve ocorrer sobretudo pela expectativa de que retomada do crescimento econômico, apesar de modesto, eleve os investimentos e a necessidade de compra de máquinas e equipamentos do exterior.

Ao mesmo tempo, as exportações não devem apresentar o dinamismo esperado por causa da fraqueza dos preços das commodities.

A menor projeção da balança comercial ainda tem como pano de fundo a recente queda do dólar, afetando a rentabilidade das exportações. A moeda norte-americana deixou a faixa de 4 reais em janeiro para atual patamar de 3,10 reais.

"Essa valorização do real não estava no radar. Ninguém imaginava que a moeda brasileira chegaria no patamar atual", afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

No relatório Focus, do Banco Central, os analistas preveem superávit comercial de 45 bilhões de dólares em 2017, ante os 46,83 bilhões de dólares esperados há quatro semanas. A AEB estima no máximo saldo positivo de 35 bilhões de dólares.

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