Fernando Haddad: segundo o ministro da Fazenda, Lula é criticado por respeitar a dimensão social e obriga a equipe econômica a não buscar o caminho mais fácil para fazer um ajuste fiscal (Marcelo Justo/Flickr)
Repórter especial de Macroeconomia
Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 14h36.
Última atualização em 7 de janeiro de 2025 às 14h40.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira, 7, que o ajuste fiscal feito pelo presidente da Argentina, Javier Milei, “jogou” 60% da população abaixo da linha pobreza. Além disso, Haddad disse que o país vizinho vive uma recessão de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e tem uma inflação anualizada de 40%.
As afirmações foram feitas por Haddad quando ele relatava que comparações incorretas eram feitas entre a situação econômica entre o Brasil e a Argentina.
“Torço muito pela Argentina, nosso maior parceiro comercial. Não é simples fazer ajuste fiscal jogando 60% da população abaixo da linha da pobreza, recessão de 3,5% e inflação de 40% anualizada. Não estamos nesta condição e podemos fazer melhor”, disse, em entrevista à GloboNews.
Segundo Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respeita a dimensão social e é criticado por isso quando não toma medidas para restringir o pagamento de benefícios para os mais pobres.
“Tem uma dimensão social que precisa ser considera [na hora de fazer um ajuste]. O presidente Lula é criticado por respeitar essa dimensão social e nos obriga a não buscar o caminho mais fácil e recair sobre a base da pirâmide o peso do que tem que ser feito”, disse.
Assim como tem dito Lula, Haddad afirmou que o governo tem um problema de comunicação que tem atrapalhado o governo a comunicar os bons resultados da economia.
“Temos que nos comunicar melhor. [O governo] tem que ser coerente e resoluto na sua comunicação. Não podemos deixar brecha para os resultados que queremos atingir. Não vale só resultado de emprego e crescimento. Crescimento é bom, mas temos que olhar para o déficit em transação correntes, por exemplo”, disse.
Haddad ainda declarou que há uma tensão global, com estagnação econômica na Europa, desaceleração na China e incertezas sobre que medidas o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tomará assim que tomar posse.
"Nós precisamos nos comunicar melhor, o mercado está muito sensível, no mundo inteiro, nao é uma situação normal que o mundo está vivendo", afirmou.