Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, foi o segundo palestrante do Future of Money, evento promovido pela EXAME (Reprodução/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 29 de junho de 2023 às 12h19.
Última atualização em 29 de junho de 2023 às 13h17.
Na véspera da decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) sobre o tema, o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco fez nesta quarta-feira, 28, uma defesa da manutenção do sistema de aferição do cumprimento da meta de inflação baseado no ano-calendário.
Segundo o economista, a meta contínua, na qual o objetivo de inflação pode ser perseguido ao longo dos anos - como propõe o ministro da Fazenda, Fernando Haddad -, já é o que a autoridade monetária faz na prática. O BC, explicou, faz isso quando desiste de buscar a meta de um ano para alcançá-la no ano seguinte, levando em conta em suas decisões o horizonte da política monetária para suavizar a elevação dos juros.
"Sobre meta contínua, é o que já se faz. Melhor não mexer nesse sistema", disse Franco, um dos formuladores do Plano Real e sócio fundador da Rio Bravo, durante seminário da Abrapp, a associação das entidades fechadas de previdência complementar. Ele questionou se faz sentido reescrever uma norma para fixar o que ela já diz nas entrelinhas. "Acho melhor deixar quieto", defendeu.
Ele considerou que, após a pressão feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o BC, será uma vitória se o CMN confirmar a manutenção da meta central de 3%. Franco salientou que, "para não sacudir o barco", o ideal é repetir os 3% para a meta de 2026, sem alterar a já fixada aos próximos dois anos. "Acho que não vão mexer."
Instigado a falar sobre os ataques de Lula ao presidente do Banco Central, Gustavo Franco lembrou que os juros subiram para 13,75% em ano eleitoral, de forma que quem deveria odiar Roberto Campos Neto não é o atual chefe do Executivo, mas sim "o presidente que perdeu a eleição", ou seja, Jair Bolsonaro.
"Todo mundo sabe que vai começar o ciclo de baixa, a discussão é se já devia ter iniciado", disse Gustavo Franco. "O importante é respeitar. Pode ter havido um pouco mais de retranca ou não, mas a decisão é do treinador", acrescentou o economista ao falar do trabalho de Campos Neto.