Economia

Greve de produtores afeta transporte de grãos na Argentina

Aumento de imposto causa greve entre os produtores do país, mas companhias exportadoras não devem ser prejudicadas de imediato

Elevação de impostos é a causa da greve no país. Preços futuros da soja subiram na Bolsa de Chicago (Menahem Kahana/AFP)

Elevação de impostos é a causa da greve no país. Preços futuros da soja subiram na Bolsa de Chicago (Menahem Kahana/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de junho de 2012 às 19h39.

Buenos Aires - Um congelamento das vendas por produtores em protesto contra as políticas do governo reduziu fortemente o transporte de milho e soja para o principal porto exportador da Argentina na quinta-feira, elevando os preços globais com traders e precificando o risco de interrupção de abastecimento.

Os produtores da Argentina, maior exportador mundial de farelo e óleo de soja, começaram uma greve de uma semana na quarta-feira depois de um recente aumento no imposto territorial na maior província agrícola argentina, reacendendo antigas tensões com o governo.

A greve afeta o fluxo de caminhões até o porto de Rosario, por onde saem 80% das exportações de grãos do país.

Segundo a bolsa de grãos de Rosário, apenas 1.638 caminhões entraram no centro exportador nas últimas 24 horas até o meio-dia, queda de 59 por cento ante quarta-feira. Na mesma data do passado, o porto registrava a entrada de 5.641 no porto.

Com a maior parte das safras de soja e milho 2011/12 já colhidas, Rosario e outros portos contam com amplos estoques de reserva sem precisar interromper exportações até o final da greve.

"As companhias exportadoras têm milhões de toneladas de reservas", disse o executivo de uma companhia em Buenos Aires. "Eles podem facilmente digerir a greve de uma semana".

Mas considerando o recorrente embate do setor agrícola com a presidente Cristina Kirchner, que limitou as exportações agrícolas e elevou impostos, exportadores acompanham os protestos que poderão vir a interromper o fluxo global.

Tradings com operações na Argentina incluem a Cargill, Bunge e Noble.

Analistas do setor dizem que os produtores argentinos estão postergando as vendas porque alguns estariam apostando na depreciação do peso argentino. Isso poderia tornar as futuras vendas do grão em dólar mais rentáveis que atualmente.

A preocupação com a oferta e os sinais de que importadores estariam trocando carregamentos da Argentina por outros dos Estados Unidos em parte por conta do congelamento das vendas ajudaram a puxar os preços futuros da soja e do farelo esta semana na bolsa de Chicago (CBOT).

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