Economia

Grécia vive greve de 48 horas contra medidas de austeridade

O país amanheceu hoje praticamente parado devido à greve laboral, que afetou o transporte terrestre e marítimo

Gregos protestam contra austeridade: no setor público, a greve teve adesão entre 57% e 85% (REUTERS)

Gregos protestam contra austeridade: no setor público, a greve teve adesão entre 57% e 85% (REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2012 às 17h31.

Atenas - Os sindicatos gregos iniciaram uma greve de dois dias, nesta terça-feira, para exigir que o governo não aprove as novas medidas de austeridade na votação de amanhã no Parlamento.

O país amanheceu hoje praticamente parado devido à greve laboral, que afetou o transporte terrestre e marítimo, enquanto cerca de 20 voos foram cancelados e mais de 50 sofreram atrasos.

Nos setores de construção e outras indústrias, a greve teve adesão de 90% e foi de 100% nas refinarias e nos portos, segundo dados da Confederação de Sindicatos de Trabalhadores do Setor Privado, GSEE.

No setor público, a greve teve adesão entre 57% e 85%, explicou à Agência Efe uma fonta de ADEDY, a Confederação dos Empregados Públicos.

No entanto, no comércio, a participação foi menor, apesar da chamada das associações de pequenos empresários e comerciantes, ESEE e GSEVEE.

Cerca de 45 mil pessoas desfilaram pelo centro de Atenas em duas manifestações convocadas pelos sindicatos e pelo Partido Comunista, com cartazes com os dizeres "As pessoas acima de tudo. Não às medidas" ou "Abaixo o Governo, fora a troika".


Os sindicatos se queixam que as medidas que serão votadas amanhã, exigidas pela troika (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), reduzirão ainda mais as condições de vida dos trabalhadores, já que facilitam a demissão e reduzem as prestações sociais.

O pacote de medidas inclui um aumento em dois anos na idade de aposentadoria (até os 67), a eliminação dos complementos de Natal e Páscoa e uma redução entre 5% e 25% das previdências superiores a mil euros.

As previdências por incapacidade também serão reduzidas, assim como o número de remédios distribuídos pelo governo.

Para o setor privado, foram fixadas altas salariais por antiguidade em 10% cada triênio, e em 5% para os operários, até um máximo de 30% em ambos os casos, além de reduzir o prazo de notificação e as indenizações por demissão.

O tempo mínimo de descanso entre turnos também será reduzido de 12 para 11 horas.

Além disso, o governo pretende despedir 25 mil funcionários até o final de 2013, e os que fiquem verão suas horas de trabalho aumentarem e o salário reduzido, medida que afeta principalmente juízes, policiais, bombeiros, acadêmicos, diplomatas, bispos e trabalhadores municipais.

As taxas sobre o transporte, a eletricidade e o gasóleo de calefação também aumentarão, assim como os impostos pagos pelos agricultores.


Além disso, os comércios poderão vender produtos que antes necessitavam de licenças especiais, como o tabaco.

"Não acreditamos que estas medidas melhorem a situação. A dívida também não será reduzida, portanto não se trata de regular os problemas econômicos do país, mas de trabalharmos por menos dinheiro", disse Panos, um empregado de 37 anos cuja esposa está desempregada há um ano e meio.

"Me sinto traído por este governo", afirmou Nikos, um encanador de 30 anos que viu seu salário ser reduzido de 900 a 600 euros desde o início da política de austeridade.

Por outro lado, o Parlamento começou a debater as medidas que serão votadas em um só pacote amanhã pela noite, o que despertou críticas entre a oposição com relação ao procedimento utilizado pelo governo para sua tramitação.

O ministro de Finanças, Yannis Sturnaras, assegurou que isto "não representa pular os procedimentos parlamentares" e defendeu seu caráter de urgência para "cumprir as obrigações" impostas pelos credores internacionais (troika) e para que estes concordem em conceder um novo lance de financiamento.

"Este desembolso é necessário para evitar uma quebra incontrolada", advertiu Sturnaras.

Alexis Tsipras, líder do principal partido da oposição e primeiro nas pesquisas de intenções de voto, exigiu a convocação de eleições imediatas por considerar que o atual governo está "humilhando" a Constituição e a democracia do país. 

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